terça-feira, dezembro 29, 2015

Spectre (2015)

Meia dúzia de minutos, uma mexicana jeitosa deitada na cama pronta para prestar serviço a sua majestade, e Bond sai pela janela para ir explodir um prédio velho. Quinze minutos depois, 007 visita o laboratório subterrâneo de Q, de onde sai com um aparente simples relógio que não faz nada mais do que mostrar as horas. Meia hora de filme e Craig tem Bellucci encostada à parede; "vamos ver finalmente um corpinho jeitoso, uma lingerie sedutora, uns amassos valentes" pensamos nós. Nada disso, planos fixos dos ombros para cima de Monica, informação arrancada sobre uma reunião secreta, e "corta" gritou Sam Mendes; segue-se plano de James a colocar o relógio, tendo presumivelmente levado a italiana à loucura durante a pausa para café da equipa de filmagens. Quarenta e cinco minutos, uma perseguição automóvel nas ruas de Roma com um Aston Martin e um Jaguar, deliramos na expectativa de saber qual será o gadget automóvel que salvará o dia ao agente de Ian Fleming. Pois bem, o DB10 britânico não está armado, resta acompanhar um encalço rodoviário como se de uma sequela do chauffeur de Jason Statham se tratasse. Ah, esperem, afinal havia um pára-quedas e um lança-chamas, menos mau. Metade do filme já foi, Bond está com sede, o que pede? "Vodka Martini, shaken not stirred". Festejo jubilosamente no interior, finalmente a lenda é respeitada. Mas... mas... oh porra, o bar não serve bebidas alcoólicas. Perceberam a ideia ou é preciso continuar? Estes Bonds de Sam Mendes têm pinta, são excelsamente bem filmados e editados, mas de mística e tradição têm muito pouco. O que os difere então da catrefada de filmes de acção que por aí andam, de Jason Bourne aos justiceiros de Liam Neeson? Quase nada. Isso faz de "Spectre" um mau filme? Não. Mas transforma-o num capítulo banal e momentâneo da longa saga de um ícone cinematográfico e cultural que nos habituou a vilões extravagantes, cenas de acção com muito mais temperamento e humor do que músculo e explosões em massa, narrativas com muito mais flirts do que paixões para a vida, Bond Girls muito mais activas do que passivas. Em suma, está na hora de Mendes e Craig passarem o testemunho.

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