quarta-feira, agosto 17, 2011

Larry Thomas: O Nazi das Sopas (II/III)


Recentemente foste Osama Bin Laden no “Postal”, do Uwe Boll. Essa foi uma personagem tão divertida para ti como foi para nós?

Mais uma vez, obrigado pelas simpáticas palavras. A maior parte das minhas partes cómicas no filme ficaram na sala de montagem. Eu a correr atrás da camioneta com a minha malta talibã, a gritar “Shotgun” para ganhar o lugar do pendura, isso foi hilariante. Outra cena cortada foi uma em que liguei de uma cabine para o George Bush e, passado algum tempo, voltei atrás para ver se havia trocos na máquina. Mas foi tudo uma grande farra. Até a ideia do Uwe de o Bin Laden ter duas pronúncias diferentes teve piada. Momentos em que eu rolava os olhos sempre que os meus homens faziam algo estúpido também foram cortados, e eu adorava esses momentos. Gostava que tivessem ficado no filme. Por isso, como vês, só uma pequena percentagem do que eu fiz de divertido nas filmagens ficou no filme. Mas fico satisfeito que as pessoas tenham gostado de qualquer maneira. Foram semanas maravilhosas. Especialmente a cena final em que eu e o George corremos em direcção ao horizonte, num campo. Estávamos a filmar numa estrada junto a Vancouver e as pessoas que passavam de carro olhavam para nós com cada cara, que não dá para descrever. Deve ter sido do outro mundo para os canadianos verem o George e o Osama a conviverem daquela maneira, no seu país.

Tiveste receio das reacções do público à tua personagem e ao filme? Ou sentiste que não tinhas nada a perder?

Não houve um único dia de filmagens que alguém não passasse por mim e perguntasse se, por interpretar aquela personagem, eu não temia pela minha vida. Eu ria-me, mas lá no fundo sabia que havia uma razão de ser para tais perguntas. Mas pensei que já era pontapeado pela profissão há mais de trinta anos. Morrer agora por esta, parecia o mais correcto.

Como é que é o Uwe Boll no dia-a-dia e como é que o papel de Bin Laden foi parar às tuas mãos?

Ele era uma pessoa extremamente acessível, sempre aberto a sugestões. Foi, verdadeiramente, um prazer trabalhar com ele. Uma vez mais, foi um processo normalíssimo de casting. A minha agente telefonou-me e disse-me, a rir: “O que é que achas de ires a um casting para o papel de Osama Bin Laden?”. Eu fique estupefacto, mas depois ela explicou-me que se tratava de uma comédia, o que fazia muito mais sentido, já que, só de altura, havia uma diferença enorme entre eu e a personagem. E eu sei disso porque já tinha feito um casting para o programa “That’s My Bush”, para ficar com a personagem de Osama, e “chumbei” por isso mesmo. No casting de “Postal”, o Uwe queria a personagem com duas pronúncias diferentes, e eu saí-me bem.

O que nos podes dizer sobre “The Adventures of Belvis Bash” e “Working Title”?

“The Adventures of Belvis Bash” é sobre um “rock and roller” americano que vai ao Afeganistão para dar um concerto e aprende algo sobre a cultura local que não imaginava ser possível. Eu interpreto um humilde e pobre afegão que adora a música americana. Levo o Belvis a minha casa e mostro-lhe os meus discos antigos e uma guitarra do Elvis. Juntos, temos uma ideia que o vai catapultar para a aceitação colectiva do meu povo. Foi um papel engraçado, já que a minha personagem tem alguns momentos íntimos e dramáticos, os quais normalmente não tenho muitas oportunidades de representar. O “Working Title”, por sua vez, foi uma loucura. É uma comédia com um guião muito inteligente sobre um escritor, um realizador e um produtor que se encontram num restaurante para discutir o seu último filme “slasher” de série-b. Eu interpreto o realizador, um verdadeiro falhado na indústria. Acho que estive bem. Era uma personagem muito divertida e interpretei-a sem valores, escrúpulos ou neurónios. É um filme com um orçamento muito, muito reduzido. Tivémos que filmar 67 páginas de guião em apenas um dia. Um dia! Sentámo-nos na mesa do restaurante e deitámos tudo cá para fora. Foi um grande feito e até acho que o resultado final vai ser óptimo. É a mais recente vitória da realização viral.

E depois desses dois filmes, o que se segue na tua carreira?

Acabei de filmar um filme de terror, ainda sem nome, onde faço de canibal maluco da cabeça. Foi divertido. Além disso, ando por aí de casting em casting.

Continua...


Entrevista publicada na Take 14, edição Abril de 2009.

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