terça-feira, setembro 30, 2008

Citação da Semana (XXV)


"Nunca disse que me mudaria, embora possa ser uma opção, mas viver em Nova Iorque se John McCain se tornar presidente vou temer mais pela segurança da minha família, porque o modo dele de resolver os problemas é incrivelmente estúpida, por isso sinto-me mais segura com Obama".

A convite do Lisbon Village Festival, Susan Sarandon está por estes dias em Portugal para ser homeageada. Na conversa que teve com os jornalistas portugueses, falou quase tanto de política como de cinema. Os democratas agradecem. Lisboa e a organização do festival também.

segunda-feira, setembro 29, 2008

Antevisão: Destruir Depois de Ler


Pelo que o trailer nos oferece, não há dúvidas que Destruir Depois de Ler é a antítese artística do mais recente filme dos conceituados irmãos Coen, "Este País não é para Velhos". Depois da consagração obtida no passado mês de Fevereiro, onde a dupla arrecadou os dois mais importantes galardões da Academia de Hollywood, Ethan e Joel Coen reaproximam-se do estilo descontraído de "O Grande Lebowski" e prometem mais um clássico, naquela que já é uma das carreiras mais impressionantes da Sétima Arte. A premissa da fita recai sobre um disco que contém algumas das informações mais importantes da vida de um agente do CIA, que acaba por ir parar, por descuido da secretária deste, a dois funcionários de um ginásio, que irão fazer tudo e mais alguma coisa para conseguir lucrar com a situação.

Mas o estatuto actual dos Coen é uma faca de dois gumes. A tradição recomenda alguma precaução, já que os irmãos norte-americanos costumam fazer das suas entre sucessos. Filmes como “O Quinteto da Morte” e “Crueldade Intolerável” foram arrasados pela crítica em geral e são exemplos perfeitos do ambiente de suspeição que rodeia, neste momento, “Burn After Reading”. Mas ser “um” Coen tem, dê no que der, as suas inegáveis vantagens: as personagens são sempre muito bem trabalhadas, o enredo inicial costuma deixar a audiência curiosa e os diálogos são, como é imagem de marca da parelha, extremamente inteligentes. E se tivermos em conta que cada personagem foi especialmente pensada de acordo com o actor que a interpreta na fita – uma das maravilhas do guiões originais, cada vez mais rara na indústria -, podemos afirmar com regozijo que “Destruir Depois de Ler” tem todas as condições para ser a mais brilhante comédia dos últimos anos.

Condições que incluem, como é óbvio, o elenco de excepção. À primeira colaboração de Brad Pitt com os Coen – um desejo público de muitos anos do actor -, junta-se um velho cliente da dupla de realizadores: George Clooney. Numa altura em que o próprio alimenta rumores de uma pausa prolongada na sua actividade cinematográfica, este pode muito bem ser o seu último papel durante largos anos. Por enquanto, Clooney não tem mesmo nenhum outro projecto em carteira e por isso queremos acreditar que, sensato como sempre foi no seu percurso, a sua opção pelo filme dos Coen seja a confirmação da chegada de um dos melhores do ano.

domingo, setembro 28, 2008

West Wing rima com Amazon


Sete temporadas, quarenta e quatro discos, tudo numa caixa. 70% de desconto em relação ao preço normal. Uma descoberta quase por acaso, que não passou despercebida ao cartão de crédito. Fica a sugestão, para quem quiser aproveitá-la. Depois de maratonas de Friends e Seinfeld noite após noite, antes de adormecer, terei nova companhia para as noites frias de Inverno. Mesmo a calhar com as eleições norte-americanas como pano de fundo nos dias que correm.

sábado, setembro 27, 2008

sexta-feira, setembro 26, 2008

Jovens Realizadores: Marc Forster (II/II)

Sendo um dos nomes mais promissores da nova vaga cinematográfica independente e tendo já provado ser exímio na difícil arte de criar atmosferas sufocantes com poucos recursos, Marc Forster foi convidado para realizar Monster’s Ball, uma obra cujo guião andava à circular à meia década entre vários realizadores de renome, mas que, por uma razão ou por outra – quase todas relacionadas com problemas financeiros do estúdio que detinha os direitos da história -, acabava sempre por ser adiada por problemas alheios à qualidade do argumento. Forster era “mão-de-obra” barata e os baixos cinco milhões de dólares de orçamento apenas pareciam um oásis a alguém tão necessitado de crescer e aparecer no ramo como ele. Com um elenco escolhido a dedo pelos produtores e não por Forster, Monster’s Ball foi, mesmo assim, graças ao talento de Forster e Halle Berry, um dos mais improváveis sucessos entre a crítica de 2001. Crua e inconvencional, a fita valeu à actriz norte-americana de origem africana um Óscar da Academia e a Forster uma nomeação para Melhor Realizador nos Ursos de Ouro de Berlim. De um momento para o outro, a caixa de correio do jovem realizador estava inundada: Forster já podia escolher o que queria e não trabalhar com o que tinha.

O alarido foi imenso, mas Forster não tinha pressa. Com tempo, anunciou que voltaria à ribalta com À Procura da Terra do Nunca, uma fábula baseada na vida J.M.Barrie e nas suas motivações para escrever aquela que, ainda hoje, é uma das personagens mais lidas em todo o mundo: Peter Pan. Com Johnny Depp e Kate Winslet, Finding Neverland é pura magia cinematográfica, salteada com momentos únicos de paixão inocente e imaculada, numa calmaria bela que nunca se transforma em apatia. Poucas dúvidas restavam da aptidão notável de Forster para a sétima arte. Depois vieram Stay – Entre a Vida e a Morte, um thriller psicótico, difícil de recomendar pelo seu estilo narrativo descuidado, quase “Lynchiano”, que oferece muitas soluções mas nenhuma explicação plausível para o que apresenta, e Contado Ninguém Acredita, na minha opinião, a sua obra mais relaxada e conseguida. Com um Will Ferrell afastado do seu registo normal, Forster elabora uma divertida história que envolve a narração inédita e ímpar da vida da personagem principal... na sua própria cabeça, com uma precisão assustadora. Por fim, O Menino de Cabul, adaptação de um best-seller de Khaled Hosseini e considerado por dois dos mais respeitados críticos cinematográficos do mundo – Roger Ebert do Chicago Sun-Times e Jeffrey Lions, da NBC – como um “filme magnífico”, “seguramente um dos melhores da história do cinema”. Para a revista norte-americana TIME, The Kite Runner “permite-nos acreditar que talvez exista justiça no mundo”. E se houver, o próximo James Bond será um blockbuster portentoso. Depois de rejeitar um convite para dirigir uma das sequelas de Harry Potter, Forster não pensou duas vezes quando lhe ofereceram a hipótese de ser ele o responsável por Quantum of Solace. Com um Daniel Craig soberbo no papel do espião mais charmoso do universo e a força de uma prequela surpreendente, não há razões para desconfiar do vigésimo segundo capítulo da saga Bond. Nem mesmo pelo seu estranho título.

N.d.r: Artigo publicado em Setembro na Revista Take.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Jovens Realizadores: Marc Forster (I/II)

Marc Forster é um realizador do mundo. E não num mero sentido figurativo, como iremos perceber nas próximas linhas. Nascido na Alemanha, na cidade de Ulm, em Janeiro de 1969, Forster viveu na Suíça até à adolescência e mudou-se para Nova Iorque aos 21 anos, para estudar o que Francis Ford Coppola e o seu Apocalypse Now o inspiraram a aprender, numa das primeiras vezes que foi ao cinema: a arte de criar e mostrar ao mundo os desejos criativos mais selvagens de um ser humano. Exemplo perfeito da ressonância da cultura pop norte-americana, a obra de culto de Coppola era bela e perversa, surreal e autêntica, ópera e Shakespeare. Desta mistura de atributos e significados, um sonho nascia: filmar e realizar ele próprio uma história tão monstruosa como a da guerra do Vietname aos olhos de Coppola.

Alguns anos depois de terminar a licenciatura na Universidade de Nova Iorque, Forster estreou-se no circuito de festivais com Loungers, um filme que contrabalançava estilo e substância e que arrecadou o Grande Prémio do Público no Festival Slamdance, em 1996. Com este cartão de visita, as responsabilidades aumentaram e, ao voltar cinco anos mais tarde com o drama psicológico Everything Put Together, que narrava a história de uma mãe que lutava contra o tormento da perda trágica e inesperada de um filho, Forster sabia que aquela era a hora da verdade: seria ele capaz de se afirmar na indústria e conseguir os indispensáveis apoios financeiros para futuros projectos de maior calibre? Para surpresa da crítica, mas não de todos os que conheciam e trabalhavam com o germano-suiço, a resposta foi positiva. Everything Put Together alcançou uma nomeação para o Grande Prémio do Júri do Festival Independente mais conceituado do planeta: o de Sundance. E Marc Forster a estatueta de “Jovem Promessa”, no “Independent Spirit Awards”. As portas do mundo e de Hollywood estavam abertas aos 31 anos de idade.

N.d.r: Artigo publicado em Setembro na Revista Take.

quarta-feira, setembro 24, 2008

House... de peruca!

terça-feira, setembro 23, 2008

Pegg e Frost em Tintin?


"Steven’s smoking a stogy, cap on head, like he’s always been since I was a baby. I shook his hand and chatted about films. He gave me the mo-cap [motion-capture] camera, and I had a play around with it. Then he said: Hey, maybe you and Nick Frost could play the Thompson Twins. In Tintin. A Spielberg movie. To work with him is beyond..." [F]

segunda-feira, setembro 22, 2008

domingo, setembro 21, 2008

sábado, setembro 20, 2008

sexta-feira, setembro 19, 2008

Sugestão para o fim-de-semana: Tempestade Tropical


Tempestade Tropical tem tudo para ser um clássico instantâneo no reino do humor: tem um elenco fabuloso, uma premissa divertidíssima e muitos, muitos cameos. Entre eles os de Matthew McConaughey, Tobey Maguire e, o mais prometedor de todos, o de Tom Cruise enquanto produtor cinematográfico. Segundo alguns rumores, o seu cameo inicial foi mesmo tão engraçado que os argumentistas refizeram o guião de modo a envolver um pouco mais a personagem anafada no desenvolvimento da intriga. A estes nomes pesados da história recente de Hollywood, juntam-se os de Ben Stiller – que acumula a interpretação à realização e à escrita do guião -, Jack Black e, surpresa das surpresas, Robert Downey Jr, que confirma o presente ano como o mais épico da sua já longa e conturbada carreira.

A história, para os mais distraídos, envolve um realizador de um filme de guerra sobre o Vietname que, farto de aturar um grupo de cinco insolentes actores – cada um deles representa um estereótipo de Hollywood, do herói de acção que filma cinco sequelas do seu único êxito ao comediante que interpreta várias personagens num mesmo filme, sem esquecer o viciado em droga ou o rapper que se dedicou à Sétima Arte – larga-os no meio de uma guerra verdadeira. Na selva, o elenco julga que tudo não passa de um processo de treino fictício para o filme e, entre gargalhadas e acidentes estranhos, envolvem-se com uma milícia de tráfico de droga. Um hilariante deboche, portanto.

Mas há mais um motivo, desconhecido para muitos, que justifica que as expectativas para um filme de Ben Stiller estejam assim tão altas: como assessor da película, Stiller contratou Dale Dye, um dos profissionais militares responsáveis pela preparação de “combate” dos elencos de obras como Saving Private Ryan, Assassinos Natos e Platoon. Não há razão então para não acreditarmos que Tropic Thunder irá saber ridicularizar o ofensivo, revolucionar o conceito de diversão, provocar os chavões da indústria cinematográfica norte-americana e ser, mais do que um filme que provoca longas gargalhadas, uma obra que merecerá estrondosos aplausos durante o desenrolar dos créditos finais.

N.d.r: Artigo publicado em Setembro na Revista Take.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Take 7 - Setembro de 2008


Editorial

Mais longe. A cada número que passa, a Take enfrenta novos desafios com sucesso, quebrando barreiras que, no início do ano, pareciam obstáculos mais cerrados do que a Grande Muralha da China. Nesta edição de Setembro, não fomos à China, mas atravessámos o Atlântico até Los Angeles e garantimos um exclusivo mundial com William Mapother, Ethan da série Perdidos para uns, respeitado membro dirigente do Sindicato de Actores Norte-Americanos para outros – e pai de Suri Cruise para os conspiradores mais fanáticos. Aproveitamos a embalagem e demos também um saltinho ao nosso país-irmão – onde, já agora, contamos com um correspondente que nos traz desde o mês passado todas as novidades relacionadas com o estrondoso cinema brasileiro – para trocar umas palavras com o mítico Zé do Caixão. Cansados e a sofrer das repercussões do jet lag, decidimos relaxar um pouco e talvez por isso esta edição de Setembro tenha saído uns dias atrasada. Há que respeitar o lema cá da casa: mais vale tarde e bem do que a horas e... igual a tantas outras.

Num mês pouco ortodoxo, onde a palavra “férias” causava algumas enxaquecas na redacção, decidimos dar destaque de capa a uma obra que, caso contrário, provavelmente passaria de mansinho à maioria dos nossos leitores. E não merece, já que O Ar que Respiramos é uma daquelas películas independentes que nos cativa desde o primeiro minuto. Entre páginas e páginas de cinema e televisão, irá ainda encontrar uma novidade que nasce de um desejo antigo de uma das primeiras reuniões desta equipa: uma secção de culto, destinada a obras que marcaram de forma inolvidável a sétima arte. E uma agradável conversa com António Aleixo, da Low Cost Filmes e com o Movimento Acorda Lisboa. Para não falar de Stargate e muito, muito mais.

Em suma, demos a volta ao mundo sem sair das nossas secretárias. Porque mesmo sem os meios e os recursos de muitas publicações que pouco vendem no mercado nacional – ou que cá já estiveram e estão prestes a voltar -, conseguimos chegar mais longe. Sem a necessidade de reciclar material de outras origens ou de aproveitar ideias emprestadas. Já dizia Niccolo Maquiavel: onde há uma vontade forte não existem grandes dificuldades. Mas será mesmo assim? Nem queiram saber.

http://take.com.pt/

quarta-feira, setembro 17, 2008

O mundo de Obama, os EUA do costume?

Uma questão de cuecas?


Marco Santos, responsável por um dos melhores blogues da esfera nacional, deu uma olhadela a Zeitgeist e abordou nos últimos dias, ponto por ponto, todas "as fantochadas" que supostamente lá habitam. Sou apartidário nesta questão, tal como demonstrei na altura em que analisei o documentário do desconhecido Peter Joseph, mas será que esta notícia não dá alguma razão aos "conspiradores"? Dê por onde der, as seis páginas do Bitaites merecem uma leitura atenta. Todo o conhecimento é pouco.

terça-feira, setembro 16, 2008

Fringe: Ficheiros Secretos v2.0


O episódio piloto de "Fringe" não defraudou as expectativas de todos aqueles que confiavam no talento e na visão utópica de J.J. Abrams para a excelência televisiva a que este já nos habituou. Com uma narrativa sólida q.b. e um elenco de excepção, bastaram alguns minutos para percebermos que "Fringe" é uma reinvenção de "Ficheiros Secretos", desta vez destinada a uma geração esfomeada de uma série de culto na área do paranormal. A australiana Ana Torv promete uma carreira de luxo - a tal que fugiu a Gillian Anderson - e o experiente John Noble é de uma casta que não engana. Para seguir com atenção.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Géneros Musicais: Um estudo peculiar


Confirma-se: os olhos são o espelho da alma. Pelo menos para uma grande maioria dos géneros musicais estudados pela Fleshmap. A grande excepção é mesmo o Hip Hop, que prefere um bom rabiosque à sensualidade misteriosa de um olhar...

domingo, setembro 14, 2008

Breach (2007)

Eric O’Neill (Ryan Phillippe) é um jovem e ambicioso agente do FBI, usualmente destacado para trabalhos menores de vigilância, que um dia é chamado ao gabinete de Kate Burroughs (Laura Linney) para ser destacado para a sua primeira missão de campo: infiltrar-se junto de Robert Hannsen (Chris Cooper), um dos mais antigos agentes da casa, enquanto secretário deste e reportar todos os seus passos, de modo à agência arranjar provas de que este era um prevaricador sexual, que não merecia ostentar o estatuto de director. Mas será esse o verdadeiro motivo de toda esta investigação?

"Quebra de Confiança" é uma obra baseada na história verídica do maior espião da história dos Estados Unidos da América, que durante décadas forneceu aos russos informações privilegiadas e alguns dos segredos mais importantes do governo norte-americano. Realizado pelo inexperiente e desconhecido Billy Ray – que até este projecto, apenas tinha trazido ao grande ecrã outra história baseada em acontecimentos reais, "Shattered Glass – Verdade ou Mentira"-, "Breach" proporciona a Chris Cooper a melhor interpretação da sua carreira. Arrogante, paranóico, altivo e insolente, Cooper assina um desempenho brilhante que leva a narrativa a um nível ímpar, que foge da banalidade graças à intensidade e ao realismo que este confere à sua personagem.

Aliás, podemos mesmo pensar o que teria sido de "Quebra de Confiança" se, em vez de olhar para a história do ponto de vista de O’Neill, o tivesse feito da perspectiva de Hannsen. Assim, perdemos um estudo psicológico aprofundado da sexualidade pouco ortodoxa do espião e das suas convicções enquanto traidor de uma pátria que jurara defender e proteger. Apesar disso, há que dar crédito a Billy Ray por, pela segunda vez na sua carreira, saber construir um thriller interessante, mesmo depois de oferecer ao espectador o seu desfecho logo à partida. A trivialidade da reconstituição é disfarçada com a inteligência de um trio de personagens que fogem aos esteriótipos deste género de adaptações. E, já agora, pelo ambiente sombrio e frio que a direcção de fotografia consegue criar.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Blogue da Semana (XLV)


Close-Up

quinta-feira, setembro 11, 2008

Darth Vader - A Força do Mal


"Sideshow Collectibles and Lucasfilm will be releasing a diorama which recreates one of the most dramatic Star Wars scenes from the entire film series - the moment when Darth Vader “exerts his dark power” on the loyal Captain Antilles. Each diorama is hand cast in high quality polystone, hand-finished and hand painted to exacting standards. Expected to ship in early 2009, the diorama is available for preorder for $224.99 on sideshowtoy.com.". [F]

quarta-feira, setembro 10, 2008

Óscar mais do que certo.


Nota de redacção: Entrada a relembrar no final do mês de Fevereiro do próximo ano.

Porque em 2008 ainda não espicacei o Pacheco Pereira...

"O que se passa é que esse verdadeiro mostruário em linha, feito de mil egos à solta, revela mesmo a nossa pobreza, a nossa rudeza, a falta de independência face aos poderosos, grandes, pequenos e médios, os péssimos hábitos de pensar a falta de estudos e trabalho, de leitura e de "mundo", que caracterizam o nosso "Portugalinho". Nem podia ser de outra maneira. Com a diferença que nos blogues o retrato é mais brutal porque mais arrogante e mais solto, ou pelo anonimato, ou pela completa falta de noção de si próprio de quem, por poder escrever sem edição para os milhões de leitores potenciais da Rede, acha que é crítico de cinema instantâneo, engraçadista brilhante, analista político, escritor genial de aforismos, herói único da denúncia dos males do mundo, e portador de todas as soluções que só não são aplicadas porque os outros, a começar pelo blogue do lado e a acabar no fim do mundo, são todos corruptos, vendidos e tristes. Como os blogues são viveiros de elogios mútuos e de complacência, estes traços alastram como um vírus e tornam-se comunitários, definidores do meio.".
Pacheco Pereira, Público, 29 de Dezembro de 2007.

"José Pacheco Pereira, o conhecido consultor de comunicação do PSD, fala do marketing como se se tratasse de uma ciência oculta. Com uns pós mágicos e uns truques de voodo consegue-se mudar as percepções do mundo. Vê-se bem que ele não vive economicamente da sua actividade de consultor de comunicação porque, se o fizesse, estaria falido.".

Luís Paixão Martins, Lugares Comuns, 9 de Setembro de 2008.

terça-feira, setembro 09, 2008

Fracture (2007)

Ted Crawford (Anthony Hopkins) é um astuto engenheiro de estruturas que, ao descobrir que a sua mulher o trai com um detective da polícia, decide assassiná-la a sangue frio, na sua própria casa. Com uma serenidade impressionante e esquiva, aguarda pacientemente pela chegada da polícia e deixa-se prender com a suposta arma do crime na mão. Em vias de subir na carreira, o advogado Willy Beachum (Ryan Gosling) aceita ficar com o processo de acusação, que toma como certo, já que uma confissão verbal e escrita de Crawford dão a entender que este já era um caso encerrado, sem volta a dar. Mas a batalha pela verdade nem sempre está em harmonia com a guerra da justiça, e os jogos psicológicos entre o lobo e a raposa só agora vão começar.

Gregory Hoblit é uma figura intermitente na esfera cinematográfica de Hollywood. Responsável pelo primoroso “A Raiz do Medo”, e pelos aceitáveis “Em Defesa da Honra” e “Frequência”, Hoblit gosta de basear as suas narrativas em pressupostos judiciais e legais, sem falsas pretensões nem tiques de estrela – leia-se planos ousados e moralismos irrisórios. Em “Ruptura”, no entanto, Hoblit desilude quem esperava por um digno sucessor da obra que catapultou Edward Norton para a ribalta – a espera era justificada, já que a temática era a mesma - e oferece desde os primeiros minutos ao espectador os contornos de um crime cuja solução só às personagens adjacentes escapa. Independentemente da porta de saída escolhida, sabemos desde o início qual será o resultado final do desfecho da trama. Prova disso são os dois finais alternativos – disponíveis da versão em DVD -, que demonstram a total falta de imaginação – ou será capacidade? – em fugir ao destino previsível de um thriller que surpreende a espaços, mas que nunca deslumbra o mais exigente dos cinéfilos.

Assim sendo, o grande trunfo de “Fracture” é mesmo a recriação “Lecteriana” de Hopkins, que de forma fria e calculista, domina o elenco e, para infortúnio da obra, a própria narrativa. Provocante, Anthony Hopkins ofusca por completo o jovem Ryan Gosling, que não dá vazão a uma personagem rica em detalhes e maneirismos. Apesar da presença de vários elementos desnecessários e supérfluos ao desenvolvimento da história – como por exemplo a encantadora Rosamund Pike, que é usada como instrumento quase carnal de transições -, especial destaque para a curta participação de David Strathairn que, a entrar na casa dos sessenta, demonstra ser um actor que passou ao lado de uma excelsa carreira que só tem sido brilhante na última década.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Hot Fuzz à Star Wars

domingo, setembro 07, 2008

Cartazes de Personagens - Blindness



"It’s a contained, theatrical set-up that allows for the interior intensity of a ‘One Flew over the Cuckoo’s Nest’ coupled with a ‘Lord of the Flies’ approach to exploring the values and behaviour of a community in crisis. The film’s ensemble cast features Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael García Bernal and Danny Glover and is the fourth feature from Fernando Meirelles, the director of ‘City of God’ and ‘The Constant Gardener’. As you’d expect from Meirelles, ‘Blindness’ is smartly and often impressively directed: he handles intimate and claustrophobic group dynamics with the same dexterity as spooky, empty urban exteriors." [F]

sábado, setembro 06, 2008

Michael Moore... à borla!


O mais recente filme de Michael Moore, "Slacker Uprising", custou dois milhões de dólares. Teria todos os condimentos para ganhar muito mais do que isso nas bilheteiras norte-americanas e, obviamente, internacionais, tal como qualquer documentário assinado por Moore, que rende sempre milhões e milhões de dólares. Quer goste-se ou não, Moore é polémico, controverso e possui um estilo único que o diferencia dos demais.

"This is being done entirely as a gift to my fans. The only return any of us are hoping for is the largest turnout of young voters ever at the polls in November. I think Slacker Uprising will inspire (millions) to get off the couch and give voting a chance."

Sem mais nem menos, Moore inova uma vez mais e decide tornar "Slacker Uprising" disponível para o download gratuito de todos os utilizadores que se registem no site do filme. O novo modelo de negócio declara uma intenção clara: a de propagar a sua mensagem política de forma viral. É que, ou muito me engano, atrair a atenção das camadas votantes mais jovens pode ser um factor decisivo para a vitória dos democratas. Barack Obama agradece... e eu também.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Jovens Realizadores: M.Night Shyamalan (II/II)

O seu futuro estava em risco. Realizadores brilhantes que não lucram nas bilheteiras são como camarão caro a servir de isco para peixe-porco. Era preciso ser mais comercial, sem perder aqueles carimbos criativos que fugiam às regras de Hollywood. “The Sixth Sense”, filme que entretanto começara a filmar antes da estreia do flop atrás referido, seria muito provavelmente a sua última oportunidade. A própria Disney, que detinha os direitos iniciais da história – também ela escrita por Shyamalan -, vendeu imediatamente a mesma à Spyglass Entertainment por pouco mais de um milhão de dólares, prevendo um novo falhanço nas bilheteiras do realizador indiano. Erro tremendo: o talento de Night aliado às fantásticas interpretações de Bruce Willis e do desconhecido jovem actor Haley Joel Osment garantem nada mais, nada menos do que seiscentos milhões de dólares na box-office mundial. Nomeado para seis Óscares da Academia, “Sexto Sentido” catapultou o jovem realizador indiano para a ribalta. E é nesta altura que surgem as primeiras comparações com o seu ídolo de infância. Aquele que havia orquestrado o seu filme favorito: “Os Salteadores da Arca Perdida”.

Seguiram-se “Unbreakable” – que semeava pela indústria outra das suas paixões, a banda-desenhada -, “Signs”, “The Village”, “Lady in the Water” e o recentemente estreado em Portugal, “The Happening”. Todos eles especiais, mas nem todos unânimes perante a crítica. Cada um deles suficiente para mil e uma linhas nesta rúbrica, nenhum deles certamente desconhecido desta audiência que mereça honras de ofuscar outras trivialidades ignoradas pela público mais distraído. E são muitas, como o facto de “Die Hard” ser o seu filme favorito de acção e “The Exorcist” o seu predilecto de terror. Dos twists aos ângulos únicos dos seus planos, Shyamalan é um realizador portentoso com um poder narrativo complicado. A sua eficácia enquanto maestro nem sempre se verifica enquanto compositor, sendo substítuída unicamente pelo carácter original e intrigante das suas ideias.

Usa quase sempre Filadélfia como pano de fundo e gosta de colocar as personagens a reflectir perante objectos. Incide em indivíduos ou acontecimentos dotados de características extraordinárias e cria sempre ligações narrativas a crianças. Gosta de fazer de Hitchcock – não só na forma como cria a incerteza do momento, mas também nas curtas participações que faz nos seus filmes – e utiliza caves e arrecadações sombrias para amedrontar o espectador. Aprecia “takes” longos nos seus diálogos e atribui ao vermelho quase todas as pistas cruciais das suas obras. Pequenos pormenores – passe a redudância - que lhe conferem um estatuto de culto, a ser confirmado no Verão de 2010 com a adaptação cinematográfica de “Avatar: The Last Airbender”.

N.d.r: Artigo publicado em Agosto na Revista Take.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Jovens Realizadores: M.Night Shyamalan (I/II)

Apesar de ter sido criado desde criança nos Estados Unidos, Manoj Nelliyattu Shyamalan nasceu na Índia, a 6 de Agosto de 1970. Filho de médicos, a sua paixão pelo cinema começou, como tantos outros, aos oito anos quando o pai ofereceu-lhe uma Super-8. De um momento para o outro, Shyamalan não queria nada mais na vida que não imitar o seu herói. De quem falamos? Steven Spielberg, pois claro. O passatempo tornou-se um hábito. O hábito tornou-se um vício. Por isso mesmo, pouco antes de completar o seu décimo oitavo aniversário, anunciou à família que queria ser realizador de cinema e mostrou-lhes os quarenta e cinco filmes caseiros que havia realizado até ali. Todos ficaram convencidos: havia em Manoj algo especial.

Com o apoio financeiro da família, mas com poucos recursos – Shyamalan escreve, produz, protagoniza e realiza a sua estreia -, lança aos vinte e dois anos a sua primeira longa-metragem: “Praying with Anger”, uma fita baseada na sua própria visita à Índia enquanto miúdo, foi o primeiro passo para aquela que ainda hoje é uma temática central nos seus filmes: a exploração religiosa. Em “Wide Awake”, o seu primeiro filme de estúdio, o agora Night – alcunha que guarda no seu nome artístico, proveniente dos tempos universitários – segue um jovem rapaz que procura por Deus após a morte do seu avô. Uma história serena, dominada pelos diálogos inteligentes do indiano que abordam crises de fé, assuntos sobrenaturais e o factor cada vez mais raro na altura, mas que se tornaria a sua imagem de marca premium: o twist final, que atira a narrativa para um caminho completamente oposto ao que havia sido desenhado para o espectador. No entanto, “Wide Awake” foi um flop que custou sete milhões de dólares à Miramax, para apenas render trezentos mil dólares na bilheteira. “E agora?”, terá pensado Shyamalan. (continua...)

N.d.r: Artigo publicado em Agosto na Revista Take.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Christian, um leão no cinema.

Já todos devem ter passado os olhos num dos vídeos mais fofos que circula a alguns anos pela internet: o de Christian, o leão que que foi criado por dois homens em Londres, mas que, ao crescer, foi enviado para o continente africano, de modo a viver no seu habitat natural. Alguns anos passados, Anthony Bourke e John Rendall - assim se chamam os pais adoptivos de Christian - foram visitá-lo e... bem, o melhor é dar uma espreitadela:

A notícia do dia é que, segundo o Hollywood Reporter, os direitos da história de Christian, publicada em 1972 num livro biográfico dos dois londrinos intitulado "A Lion Called Christian", foram adquiridos pela Sony. Para quando o filme?

terça-feira, setembro 02, 2008

Don LaFontaine (1940 - 2008)



"Don LaFontaine, locutor de mais de 5.000 trailers de filmes e 350.000 anúncios, faleceu na segunda-feira num hospital em Los Angeles devido a complicações que se seguiram a um colapso pulmonar. Responsável por alterar a narrativa e a apresentação sonora dos trailers, LaFontaine ficou conhecido como o rei dos voiceovers. Para além dos trailers dos filmes, nos quais popularizou a frase “In a world where…” (Num mundo onde…), e do trabalho para várias cadeias televisivas norte-americanas, emprestava ainda a voz aos SAG (Screen Actors Guild) Awards e à transmissão dos óscares. LaFontaine tem a distinção de ser o actor mais ocupado de sempre, com base no enorme número de contractos assinados pela SAG." [F]

segunda-feira, setembro 01, 2008