segunda-feira, julho 23, 2007

Death Proof (2007)

Tarantino. Um nome que merece, antes de uma leve análise a “Death Proof”, um parágrafo introdutório que explique o conceito “Grindhouse” e as razões da chegada desagregada à Europa, da obra que estreou intacta no continente Americano. Assim sendo, e para perceber alguns dos equívocos propositados do filme (película arranhada, saltos na montagem, o aparecimento do preto e branco), convém saber que “Grindhouse”, é um termo recentemente desusado que definia locais cinéfilos, de medianas condições, que passavam sessões contínuas ou semi-contínuas de “exploitation movies”, os chamados filmes de “Série Z”, carregados de sexo, carros e violência mas com poucos recursos e efeitos especiais, lacunas derivadas dos limitados orçamentos dos seus autores. Já a razão da desunião dos dois filmes que constituíam o pacote original é simples: o fracasso de bilheteira da longa “double-feature” nas terras do Tio Sam (que qualquer dia passa a Tio Tarantino).

Uma jukebox musical e toques de telémovel, uma cicatriz ou um simples hamburger, conversas banais sobre tudo e mais alguma coisa, o amarelo riscado com o preto, a violenta emancipação feminina e alguns carros antigos. A vingança. Com Quentin Tarantino, a mínima particularidade é suficiente para prestar homenagem ao cinema e para transformar um simples argumento de desforra, numa fita de culto. E mesmo sem extenuar-se, consegue capturar com êxito o espírito das obras que tenta venerar, mesmo considerando que “À Prova de Morte” está bem longe da complexidade estrutural fantástica de “Pulp Fiction”, “Reservoir Dogs” ou do díptico “Kill Bill”.

Mas esta simplicidade é enganadora. Porque a lacuna de momentos de determinação desconhecida, que obrigam o espectador a deliberar várias saídas possíveis, são compensados por diálogos tão triviais como portentosos, também eles uma via de homenagem aos anos 70, ao cinema e aos seus amigos (algumas personagens partilham, além do apelido, algumas das conversas típicas das suas mais comuns amizades). E é assim Tarantino, um realizador tão genial como autónomo, que assina não só a realização do filme, como a direcção de fotografia, o argumento e ainda escolhe a dedo a banda sonora das suas obras. E para Tarantino, excitante é quebrar barreiras que nunca o foram, mesmo que o resultado final possa ser um risco desmedido. Um anti-convencionalismo anarquista que continua a causar satisfação extrema em todos os quadrantes do meio.

25 comentários:

Francisco Mendes disse...

Não atingi uma satisfação plena com este filme, mas diversão a rodos, sim.

E arrojado, arrojado... seria utilizar o antigo orçamento destes exploitation movies... ;)

Grande Abraço Knox!

Carlos M. Reis disse...

Franciso, isso seria mais do que arrojado. De qualquer das formas, o espírito está lá, e isso já é arrojado o suficiente :)

Um enorme abraço!

Anónimo disse...

E aqui no Brasil ele passará dividido (como aconteceu com Kill Bill). Uma infâmia! Quetin Tarantino merecia muito mais do que isso. Pô, ele fez o Pulp Fiction? Precisa dizer mais alguma coisa? Sabe o que vai acabar acontecendo: irei ver Death Proof e não irei a Planet Terror (até porque não acho o Robert Rodriguez essa coisa toda!). E tenho dito.

(http://claque-te.blogspot.com): Últimos Dias, de Gus Van Sant.

C. disse...

Espero que depois da "brincadeira", venha aí uma verdadeira obra-prima! :)

Juom disse...

Concordo em quase tudo que li nesta análise. Sem ser obra-prima, é um entretenimento anti-convencional e extremamente conseguido. Duas horas de grande diversão.

Abraçola!

Anónimo disse...

isto foi uma critica ao filme ou uma ode ao tarantino ? ;)

Alvy Singer disse...

Estou em pulgas para ver o filme amanhã, caro Knoxville. Em pulgas.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Não desapontou, mesmo não estando ao nível do melhor Tarantino. Está visto que vai ser um sucesso na tabela do mês :P

Anónimo disse...

Cada um vê o que quer, não há dúvida.
Sabe contar uma história, pisca o olho, mais meia dúzia de lugares comuns, risca a fita e descoloriza para disfarçar, cita aqui e cita ali, mas não tem nada na cabeça.
Que desperdício. Pulp Fiction foi um engano, um fantasma.
Era cinéfilo, estou cada vez mais cinófobo.

CP disse...

:/
Epá, depois de ler o texto fiquei mesmo com vontade de ir ver o filme mas acho que vou esperar pelo Dvd para poder ver o projecto como foi originalmente concebido.
Abraço

Joana disse...

tenho d o ir ver ! :$

Carlos M. Reis disse...

Caro Roberto, aqui em Portugal também passou dividido. Já o Kill Bill, concordei plenamente com a divisão. Cumprimentos!

Wasted, lá fora o Planet Terror foi mais bem acolhido do que o Death Proof. Vamos lá ver se se confirma por terras lusas :) Beijinhos.

Paulo :) Um forte abraço!

Ricardo, ambas :) Um abraço!

Alvy, fico à espera da tua opinião no teu cantinho. Um Abraço!

Gonn, sem dúvida alguma que não está ao nível do melhor de Tarantino. Mas não deixa de ser bom! Quanto à tabela, deverá ser o melhor desde "The Departed" :) Um Abraço.

Robin, cada um vê o que quer, mas também o que sente :) De resto, são opiniões. Cumprimentos!

Carlos M. Reis disse...

CP, perdes a versão longa de cada filme, e no cinema, que é uma experiência agradável para qualquer filme de Tarantino. Mas é uma decisão tua :) Um abraço!

Joana, indeed ;) Cumprimentos!

Bracken disse...

Robin,
Cinófobo=aversão a cães... :) Só se for a "Cães Danados".

Não concordo nada que "Death Proof" seja uma obra menor na filmografia de Tarantino. Pelo contrário. É muito bem escrito e bem realizado. Parece um pastiche, mas não é. Vive das aparências. Faz-nos acreditar naquilo que não acontece. É Grindhouse feito e escrito com inteligência, satírico, uma espécie de caricatura do género, mas com muita classe e sabedoria - e, claro, com orçamento gordo. Pelo que tenho visto de "Planet Terror", parece-me ser mais sangrento; no entanto, duvido que esteja tão bem alinhavado, principalmente em termos de diálogos, como este "Death Proof".
Abraço,
Bracken

Carlos M. Reis disse...

Bracken, para mim só Jackie Brown não supera este Death Proof. Qualquer um dos outros filmes de Tarantino é muito mais filme do que este. De resto, é como dizes, escrever aqueles diálogos que mais parecem cenas improvisadas, mas não o são, não é tarefa fácil. Pena que todos o pensem que sim.

Um Abraço!

Anónimo disse...

o pulp fiction é 100%, nao se pode esperar k todos os filmes dele agora sejam assim!! apesar de k pra mim este filme é muito bom, pra kem nao axa k tente fazer um melhor, muito poucos sabem o k é a dificuldade de escrever um guiao, uma boa historia, e sinceramente para os filmes k se fazem hoje em dia; ESTE É LINDO!!!

Carlos M. Reis disse...

:) Cumprimentos :)

Anónimo disse...

os diálogos e as situaçoes não mudam
tarantino não perdeu o toque.
kurt russel está brilhante, assim como vanessa ferlito
confesso que as minhas espectativas eram muito elevadas
é claro que nem sequer se pode comparar com pulp fiction, mas penso que está ao nível de cães danados e muito á frente de kill bill 1
só o final é k deixou um bocado a desejar...
o k posso dizer?
excelente sim, mas brilhante não

grande post knoxville!!!
cumprimentos
jackie brown

p.s.- gostava de saber quem é o teu realizador preferido???...
n será tarantino??...

Carlos M. Reis disse...

Jackie, é o Woody Allen. Não sei se é o favorito, não sei se é o melhor, mas é o meu grande fetiche cinematográfico ;) Os melhores cumprimentos, obrigado pelas simpáticas palavras!

Anónimo disse...

Curioso...
a par de tarantino, woddy allen também é o meu realizador preferido!
o k um match point não faz ás pessoas?...
cumprimentos

Carlos M. Reis disse...

Bem, tenho que confessar que o Match Point não entraria, nem de perto nem de longe, no meu Top 5 de Allen. Mas é um bom filme? Sim, muito bom ;) Mas não o género de filme que me fez apaixonar por Woody :P

Cumprimentos Jackie!

Sérgio disse...

Vi-o ontem e adorei :D

Opinião mais detalhada: http://perpetuandopensamentos.blogspot.com/2007/11/death-proof-2007.html (é uma opinião, não uma critica xD)

Carlos M. Reis disse...

;) Um abraço Sérgio.

Unknown disse...

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Anónimo disse...

Eu achei Deth Proof alucinante. saí do cinema feliz da vida, uma sensaçao de euforia, querendo indicar o filme pra todos os amigos. foi uma sensaçao parecida com a que tive quando vi o Pulp. Nem de longe saí assim do cinema quando fui ver Bastardos Inglorios. Esse ultimo dizem que é um filme de um Tarantino mais maduro. Concordo. O filme é mesmo incrivel. Mas a minha satisfaçao nao foi como Pulp, Kill e agora o Deth Proof. Nao quero um tarantino mais "maduro". Quero esse tarantino com dialogos incriveis sobre o banal, essa velocidade, a trilha sonora aluncinante! uhuuuuuuu!

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