quinta-feira, setembro 29, 2005

Red Eye (2005)



Os fãs de Wes Craven podem finalmente respirar de alívio. Foram precisos cinco anos para produzir um novo êxito, mas ele finalmente chegou - "Red Eye" foi muitíssimo bem recebido pela crítica norte-americana e foi também um dos grandes sucessos deste final de Verão, tendo passado 4 semanas no top 5 dos filmes mais vistos. "Red Eye" é um thriller frenético que segue a trajectória de Lisa Reisert (Rachel McAdams), uma mulher que se prepara para embarcar num voo nocturno para Miami (o "Red Eye" do título) que entretanto se atrasou. Lisa nunca gostou de andar de avião, e fica portanto feliz quando se consegue abstrair do seu medo ao conhecer Jackson Rippner (Cillian Murphy), um dos passageiros. Só que Jackson não é quem aparenta ser e as suas verdadeiras intenções são reveladas em pleno voo...

Antes de tudo, vou começar pelo que mais gostei, Rachel McAdams! Rachel começa aos poucos a construir uma carreira impressionante. Após ter dado nas vistas em "The Hot Chick" (comédia protagonizada por Rob Schneider), Rachel contracenou com Lindsay Lohan em "Mean Girls", fez chorar muito boa gente no drama romântico "The Notebook" - ao lado de Ryan Gosling, e, mais recentemente foi o interesse romântico de Owen Wilson em "Wedding Crashers". Agora foi a vez de "Red Eye". E porque esta referência? Esta rapariga é um "copy paste" autêntico da Jennifer Garner mas em versão "boa actriz".

Quanto a Wes Craven parece ter-se virado para um suspense mais psicológico, com menos gore e menos sangue. O que é bom! O enredo é interessante e a parte de maior tensão passa-se a bordo do avião, onde a turbulência do voo, provocada pelo mau tempo, se alia à tensão crescente de Lisa, interpretada por Rachel McAdams. Num fantástico desempenho, a actriz vai aumentando o seu estado emocional, de pânico a revolta e depois a alguma apatia, para finalmente se libertar numa atitude definidora do resto da acção. Rachel McAdams surpreende, já que ao início começa por ter um desempenho regular para depois aumentar progressivamente a intensidade da sua interpretação. Apesar do cliché no final do filme, a actriz mantém-se constante e o realizador sabe onde há-de terminar a película, para que não se arraste num final longo e lamechas.

E se o seu final, ou melhor, a partir do momento em que a "acção" sai do avião, o filme perde bastante e torna-se banalissímo, esse facto não é longo o suficiente para arruinar a premissa e suspanse que lhe antecederam. Além disso, as personagens principais não seguiram Wes Craven na queda final de argumento e conseguiram, através de fortes presenças, dar alguma credibilidade, destacando-se o seu trabalho ( e porque não o de realização de Craven também) na cena final "bastão vs faca"!

Importante mencionar mais especificamente a personagem interpretada por Cillian Murphy, espectacularmente assustadora, devido ao seu "mix" de galante e psicopata, de auto-controlo e descontrolo total. Só Brian Cox, pai de Rachel no filme, esteve, a meu ver, bastante apático, chegando a ser ridícula a sua interpretação aquando da cena final. "Tás bem? Vou-te buscar um copo de água." Por amor de Deus!

Concluindo, não sendo um filme espectacular ou inédito, é suficientemente interessante para merecer uma olhadela da vossa parte. E façam-no no cinema se faz favor!

.: 7/10 :.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Zero Effect (1998)



"Zero Effect", ou em português "O Super-Detective", é um dos meus filmes favoritos, uma verdadeira pérola a desvendar por quem não o conhece (e acredito que sejam muitos).
Mas vamos por partes. O "Super-Detective", conta a história de Daryl Zero (Bill Pullman), considerado o melhor detective do mundo e do caso que vai acabar por modificar todo o seu modo de proceder, quer na sua vida privada quer no decurso das suas investigações. Daryl Zero é um homem obcecado por pormenores e sem qualquer gosto por se envolver com os seus clientes ou com outras pessoas, e para o ajudar conta com o seu fiel amigo Steve Arlo (Ben Stiller), um ajudante para todo o serviço e indispensável nas investigações. O "caso que vai acabar com todos os outros casos" tem como principal protagonista uma mulher enigmática, e com ela tudo vai ser diferente...
Estreia auspiciosa na realização de Jake Kasdan, filho do emblemático Lawrence Kasdan, que transpõe para o cinema um argumento seu, elaborando uma realização segura e eficaz sem toques de preciosismo tão comuns nas estreias atrás de uma camêra.
Bill Pullman e Ben Stiller estão absolutamente geniais, transformando "Zero Effect" num filme de selo obrigatório.
Coutinho77

domingo, setembro 25, 2005

The Dead Pool (1988)



"Na Lista do Assassino" foi o quinto e, até à data, último episódio da série policial "Dirty Harry", protagonizada pelo solitário, atormentado e pouco ortodoxo inspector da polícia de S. Francisco, a que Clint Eastwood deu vida, com sobriedade e fascínio, pela primeira vez em 1971. Desta vez, o inspector Harry Callahan tem de se confrontar com um diabólico serial-killer que vai assassinando diversas personalidades de uma lista de apostas de "morte", chamada "Dead Pool". Mas como é óbvio, nada consegue travar Harry, que com o seu inconfundível estilo, lá irá deter o inteligente e hábil assassino.

Buddy Van Horn dirige com grande subtileza e precisão esta previsível mas emocionante, aventura de "Dirty Harry", célebre pela incrível e bem imaginada paródia às grandes perseguições de automóvel na pitoresca e nada plana cidade de S. Francisco. Clint Eastwood continua a assumir a sua velha personagem com charme e inteligência, demonstrando como intérprete e personagem souberam envelhecer juntos, num filme que conta ainda no elenco com Liam Neeson e Jim Carey (numa hilariante imitação de Axl Rose), quando ainda era conhecido por James Carey.

Não podendo comparar com os anteriores filmes da saga, (pois ainda não tive oportunidade de os visionar) posso mesmo assim afirmar que "The Dead Pool" não é um policial acima da média em termos de intriga mas fantástico em termos de charme e classe das cenas de acção. E os produtores bem podem agradecer, não só ao estilo "mauzão" da personagem, mas principalmente ao génio de Clint Eastwood. O actor perfeito para "Dirty Harry"!

N.d.r: "The Dead Pool", apesar de ser o menos aclamado da saga pela maioria da critíca, teve nota máxima de Roger Ebert. E esta hein?

segunda-feira, setembro 19, 2005

The Blair Witch Project (1999)



"Em Outubro de 1994, três estudantes de cinema desapareceram na floresta próximo de Burkittsville, Maryland, enquanto rodavam um documentário. Um ano depois o material foi encontrado."

Esta é a premissa e o texto no écran que abre "The Blair Witch Project". O documentário foca o mito de uma bruxa que aterrorizou a povoação de Blair (que viria a tornar-se Burkittsville). Tudo começou em 1785, quando algumas crianças acusaram Elly Kedward de as atrair para a sua casa e de aí lhes retirar sangue. A mulher, considerada uma bruxa, seria expulsa e dada como morta, mas um ano depois os acusadores e metade das crianças da povoação desapareceram. Uma série de acontecimentos inexplicáveis registam-se ao longo dos anos, até que, em 1994, Heather decide realizar o documentário sobre o mito. Seria só em 1997 que, depois de uma investigação inconclusiva sobre o destino dos três jovens, a mãe, Angie Donahue, decide ceder o material à Haxan Films…

Fosse tudo o que escrevi anteriormente verdade e este seria, sem qualquer margem para dúvidas, o melhor filme de terror de todos os tempos, apenas pela sua veracidade. E a verdade, é que quando o vi, pensei realmente que todo o mito criado sobre esta suposta "cassete" era verídico e fiquei completamente aterrorizado com o seu final. Sabendo que afinal, tudo não passou de um enorme processo de marketing, continuo a afirmar, que "The Blair Witch Project", é, mesmo assim, um dos melhores, senão mesmo o melhor, filme de terror jamais feito. Porquê? Porque sem um único monstro, e um só efeito especial, uma suspeita de "gore", consegue cativar a imaginação do espectador em vez de a embotar.

O facto de ter sido executado com técnicas ligeiras de video, acessíveis e relativamente baratas, aumenta ainda mais o seu "charme" e reputação. Mais do que isso, a sua promoção inovadora abriu novas possibilidades de aliança entre o cinema e a Internet. O fruto, "The Blair Witch Project" é, portanto, e acima de tudo, um fenómeno de criatividade. Um exemplo? Na estreia do filme, no famoso site de dados "IMDB", na ficha dos três actores, aparecia: "Missing, presumely dead". Ora quem visionava o filme e de seguida encontrava esta informação, concerteza que se assustava.

Concluindo, Ed Sanchez e Daniel Myrick transformaram, com a ajuda da Internet, um minúsculo filme de terror independente num acontecimento cinematográfico inesquecível, assim como no maior acontecimento das suas existências bancárias. "The Blair Witch Project" é, "apenas", o filme mais rentável (custo-lucro) da história do cinema. Mai nada!

segunda-feira, setembro 12, 2005

Crash (2005)



Uma dona de casa e o marido advogado. Um persa que é dono de uma loja. Dois polícias que são também amantes. Um director de televisão afro-americano e a sua mulher. Um mexicano serralheiro. Dois ladrões de automóveis. Um polícia recruta. Um casal coreano de meia-idade... Todos vivem em Los Angeles e, durante 36 horas, vão entrar em colisão.

Depois do 11 de Setembro, "Colisão" olha de forma provocadora para as complexidades da tolerância racial na América contemporânea. "Colisão" poderá definir-se como uma variante sobre um modelo várias vezes experimentado pelo moderno cinema americano: a história de um grupo de personagens implicadas na mesma acção, mesmo que não o pareçam, desenhando de algum modo, o mapa afectivo de uma cidade. De qualquer forma, "Crash" é tudo menos um filme de cópia. O que dá unidade às suas intrigas paralelas é, afinal, uma componente extremamente perturbante: o racismo.

Sem qualquer problema em enfrentar a delicadeza do tema, Paul Haggis realiza um grande filme, cheio de deliciosos pormenores de realização e de uma complexa magnitude psicológica e humana. E para isso, até o elenco, a meu ver, cheio de actores medíocres como Matt Dillon, Brendan Fraser e Sandra Bullock, não foi suficiente para estragar o resultado final. Deste "conhecido" leque de actores, safaram-se Don Cheadle e a bela Jennifer Esposito, que pelas suas últimas representações secundárias, já pedia por um papel mais importante. Também fantasticamente soberbo neste "Crash", é a sua banda sonora e musicalidade interna da narrativa, a cargo de Mark Isham. Um nome a ter em atenção no futuro.

.: 8/10 :.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Who's Harry Crumb? (1989)



John Candy! Este homem foi um dos mestres do humor estúpido e idiota dos anos 80 que tantos fãs conquistou. A verdade é que os seus filmes faziam rir, apesar de estúpidos, e eram idiotas o suficiente para ser divertidos mas não irreais. "Who's Harry Crumb?" pode não ser o seu melhor filme, mas merece uma palavra. Porque, hoje, ao fim de muitos e muitos anos, ainda consegui esboçar, por várias vezes, um largo sorriso ao visioná-lo.

Harry Crumb é o único descendente vivo de uma famosa familía de detectives. O seu pai tinha sido um dos melhores e mais famosos detectivos privados do mundo e o seu avô ainda mais. Mas Harry, sonso e fracassado na actividade, foi "afastado" da grande empresa que os seus parentes haviam fundado e colocado num pequeno escritório. Quando um dos admnistradores da empresa planeia o rapto da filha do presidente, precisa do pior detective à sua disposição para o caso, de forma a não ser apanhado. É então, que Harry Crumb entra em acção...

Crumb, no entanto, nunca deu conta do fracasso que é. Julga-se o mestre dos disfarces e o maior detective do mundo. Daí em diante, as peripécias divertidas, e até mesmo, hilariantes são o "pão de cada dia de investigação" de Harry, e a sua ajudante, a jovem irmã da vitíma de rapto. Irmã essa, diga-se de passagem, que era bem gira, e que, pela minha curta investigação pelo IMDB, descobri que participou em filmes como "Saw", "The Island", "Armageddon" ou "Leaving Las Vegas". Engraçado.

O resto do argumento pouco interessa. Como disse, é estúpido e previsível. Mas "Who's Harry Crumb?" não é um filme para pensar ou julgar, mas sim, para rir e relaxar. Dar nota a este filme é uma tarefa amarga e difícil. Terei aqui, certamente, filmes com notas negativas bem melhores que "Who's Harry Crumb?", mas também bons filmes que não me entreteram nem me ficaram na retina como este. Vou tentar agradar a Gregos e a Troianos (como se alguém se preocupasse com isto!).

terça-feira, setembro 06, 2005

Birth (2004)



Anna (Nicole Kidman) é uma viúva prestes a casar outra vez. Tudo parece bem encaminhado até Sean (Cameron Bright), um rapaz de dez anos, aparecer na sua vida e lhe dizer que é o seu falecido marido, Sean. O que ao princípio parece ridículo, vai ganhando consistência na cabeça de Anna devido a tudo o que Sean revela sobre o falecido Sean, mas principalmente devido ao amor intenso que Anna ainda sente pelo falecido. Escrito por Jean-Claude Carrière e realizado por Jonathan Glazer, "Birth - O Mistério" aparenta ser um filme sobrenatural, mas o seu verdadeiro tema é a credulidade humana. E a verdade é esta... o filme não vale um chavo.

Se o argumento já é suficientemente fraco (apesar de à partida, enigmático), a realização é péssima e estraga qualquer esperança de um bom filme logo de início. Os momentos de tensão foram horrorosamente tratados, os planos são péssimos e tudo isso acaba por cansar o espectador. A emoção é nula e Nicole Kidman já teve melhores dias. Aceitar tudo o que é projecto, realizando sete ou oito filmes por ano nada a beneficiou. Ficou tudo muito automático.

E ao contrário do que o título português possa sugerir, "Birth" não tem nada de misterioso. O filme é bastante previsível e só teve impacto no meio devido ao seu suposto tema e elenco. O medo de Glazer em fazer algo surpreendente e extraordinário com o tema polémico e arriscado que usou, acabou por tornar "Birth" num filme medianamente fraco, mal trabalhado e sem futuro nas mais famosas "dvdtecas" de Hollywood. E a forma como foge, no seu final, ao tema que de início aborda, consegue apagar quaisquer dúvidas... "Birth" toca no ridículo e, mesmo sem ser fã de Stanley Kubrick, é no minímo hilariante, ler as comparações por esse mundo fora entre Glazer e este.

Vale pela "mamoca" esquerda da "ex-diva" Nicole Kidman, que cada vez mais, como referi anteriomente, aparece nas nossas salas semana sim semana não em filmes diferentes. Será falta de sexo? Darling, I'm here!!!

.: 2/10 :.

segunda-feira, setembro 05, 2005

On Golden Pond (1981)




No ano em que "Momentos de Glória" foi o premiado pela academia para o óscar na categoria de melhor filme, temos esta grande pérola cinematográfica, que na minha opinião, teria sido a justa vencedora desse galardão.

A "Casa do Lago" acompanha a família Thayer, da qual fazem parte Norman (Henry Fonda), Ethel (Katharine Hepburn) e a filha Chelsea (Jane Fonda) e a relação bastante sinuosa e pouco comunicativa existente entre pai e filha, que serve de permissa para o desenvolvimento da narrativa. É precisamente quando Chelsea, que se encontrava ausente à vários anos, decide voltar para comemorar os anos do pai e deixar o filho do seu noivo com eles durante uns dias, que velhos fantasmas vão surgir e tornar inevitável uma confrontação dos laços afectivos que os unem.

Realizado de forma magistral por Mark Rydell e contando com duas magnificas interpretações, que valeram inclusivamente os óscares de melhor actriz e de melhor actor, este filme é um marco no cinema dos anos 80. Raros filmes deliciaram tanto um espectador. A título de curiosidade, é de referir que na vida real, Henry e Jane Fonda, fizeram as pazes no decorrer deste trabalho, pondo fim à que até então, tinha sido uma relação extremamente conturbada entre pai e filha. Uma coincidência mordaz tendo em conta o tema do filme...
A não perder este grande clássico!
Coutinho77