terça-feira, maio 31, 2005

Barb Wire (1996)

Pamela Anderson é a razão de existir de «Barb Wire». O filme começa com uma sequência digna do canal Playboy, com mangueiradas e maminhas à mistura. Mais para a frente, o espectador ainda será brindado com um cena de banheira e alguns decotes bem audaciosos. Quem foi ao cinema pelo corpo da actriz teve alguma compensação (uma grande compensação seria um trocadilho de mau gosto?). A acção desenrola-se no futuro e o argumento anda em redor da obtenção de umas lentes de contacto especiais que permitam que uma cientista consiga passar a fronteira para o Canadá, sem ser identificada. Barb (Pamela Anderson, que diga-se de passagem era, é e será sempre puro deleite visual) é dona de um bar. Os argumentistas pensaram que fazendo um filme de acção com uns seios de fora de vez em quando, condimentado com quilos de referências a «Casablanca» (até o fim no aeroporto), lhes desse algum crédito. Mas o filme é demasiado intragável. Aspectos negativos? Todo o filme, história e acção em que o monumental corpo de Pamela Anderson não aparecesse. Apectos positivos? Será mesmo preciso mencionar? Ok, eu repito: P.A.M.E.L.A A.N.D.E.R.S.O.N! O filme é mau, é um facto. Mas será que existe alguém por aí que ainda não o viu sem a namorada saber? "Don't Call me Babe"! Viva a Pamela, alguem lhe dê um Óscar para melhor "mamalhuda" de sempre de Hollywood. Mas alguem nega que Marylin Monroe ao pé de Pamela Anderson não passa de uma salsicha ao pé de um bife? Filme 0 em 10, Pamela 10 em 10. Fica com um 3. E de repente fiquei com saudades de uma série que vi pela SIC uma vez... V.I.P, alguém se lembra?

segunda-feira, maio 30, 2005

The Five Best Movie Lines Ever

The Five Best Movie Lines Ever

Segundo um inquérito feito em vários cinemas ingleses, durante várias semanas, estas são, para os amantes do cinema, as cinco melhores "curtas frases" de sempre. Como mandam as regras, do último para o primeiro.


5. "Goodbye, Mr. Bond."

Filme: Goldfinger (1964)

http://www.filmsite.org/filmfotos/goldfinger.wav


4. "Hasta la vista, baby."

Filme: Terminator 2 (1991)

http://www.filmsite.org/filmfotos/terminator2.wav


3. "Get busy livin' or get busy dyin'. (That's goddamn right.)"

Filme: The Shawshank Redemption (1994)

http://www.filmsite.org/filmfotos/shawshank.wav


2. "Frankly, my dear, I don't give a damn!"

Filme: Gone with the wind (1939)

http://www.filmsite.org/filmfotos/goneww.wav


1. "I'll be back."

Filme: The Terminator (1984)

http://www.filmsite.org/filmfotos/terminator.wav


Concordam? Lembram-se de outras que vos marcaram?
Façam o favor de as deixar aí nos comentários!

sexta-feira, maio 27, 2005

Especial: Anime

Anime
Especial Cinema Notebook
Introdução
"The time has come to cast aside these bonds and to elevate our consciousness to a higher plane. It is time to become a part of all things!" - Ghost in the Shell
Numa simples explicação, Anime é animação feita no Japão. É quase tão simples como se nos perguntassem o que são os filmes de Hollywood? Eram os filmes feitos nos Estados Unidos. A ideia não está correcta mas dá para ter uma primeira noção essencial.

O Objectivo
A animação tem limitações completamente diferentes do cinema "real". Poderemos mesmo dizer que em Anime, só a imaginação é o limite de cada criador. O engraçado é que o mais difícil de concretizar é algo que é muito fácil no cinema de camerâ: Demonstrar a emoção humana, dar um toque humano a cada personagem animada.
Nos últimos anos com a "explosão" dos efeitos CGI, essa limitação que já era pequena, passou a ser quase nula.

Importância Cultural
Tanto o Anime como a sua irmã Manga (Livros de Banda Desenhada Japoneses), são uma parte enorme e identificativa da cultura japonesa, os quais as "devoram" com um enorme prazer. Tal como nós temos o Fado, o Japão têm a Anime e a Manga. É a maior fonte de rendimento das televisões locais. Porquê? Porque é visto por toda a familia e não só pelos mais novos. Um bom exemplo disso é o Hentai (Anime Pornográfico), que é mais apreciado por adultos da região que qualquer filme pornográfico real.

Estrutura
Uma série de Anime quase sempre começa baseada numa Manga já existente. Quando é escolhida uma história para ser animada, ela pode tomar três formas:
- Série de Televisão
- OVA
- Filme
No primeiro caso, cada episódio terá que ter obrigatoriamente entre os 20 minutos e a meia-hora de duração, incluindo um tema completo de abertura e um tema completo de encerramento. Cada temporada deverá ser constituída por 26 episódios, apesar de nem sempre se respeitar esse número.
No caso das OVA's (OVA significa Original Video Animation), a animação passa directamente para video, sem ser transmitida previamente por qualquer cinema ou televisão. Estes são os casos de maior sucesso pois não há regras. Podem ser estruturas de 6 episódios, 10 episódios ou até de vinte e poucos das séries de televisão mas que não se regem pelos 20 a 30 minutos obrigatórios nesses casos.
Os filmes são normalmente baseados em séries ou OVA's de sucesso e arrecadam enormes quantias de dinheiro em qualquer lugar de exibição no Japão. Akira e Ghost in the Shell são os melhores exemplos.

Sub ou Dub?
Cada vez mais, o Anime têm sido "espalhado" por todo o mundo. E a cada nação que chega, existe sempre o mesmo problema: Legendar ou fazer voice-over com a língua usada nesse país.
Legendar manteria muito mais fiel todas as emoções e o espirito original do Anime, mas afastaria por completo o público mais novo (conseguir acompanhar legendas só se consegue a partir dos 7 ou 8 anos) e principal consumidor de desenhos animados no exterior do Japão. Porque só lá é que o Anime é adoptado por toda a familia.
O que têm aligeirado muitas vezes toda esta discussão são os DVD's mais recentes, que permitem essa escolha.

Géneros
O Anime pode partir-se em duas grandes categorias (Shonen e Shojo) e uma pequena (Hentai). Ou seja, Anime para rapazes (Shonen), Anime para raparigas (Shojo) e Anime para adultos (Hentai).

Conclusão
Um curto resumo de um fenómeno tão avassalador como foi e ainda é o Anime é praticamente impossível. Pensem neste especial apenas como uma introdução a este mundo. Quando algum de vocês entrar nele, pode ser que nunca mais consiga sair de lá.

terça-feira, maio 24, 2005

Especial: Are You Crazy !?! (II)

Are You Crazy !?!

Existe sempre um. Aquela voz alta e esganiçada no "pub" que se diferencia de todas as outras com as suas teorias malucas e estranhas. Se não conheciam nenhum, bem, aqui estou eu.


Are You Crazy !?! - II
"The Lord of the Rings" e os "Harry Potter" estragaram a essência do cinema e colocam em risco o futuro da 7ª Arte...

Ok, vamos ser claros. Harry Potter é um filme divertido aos pontapés para toda a familia e sim, Peter Jackson com "The Lord of the Rings" merece no minimo uma dúzia de óscares por todo o trabalho que teve. Mas a questão não é essa. Todos aqueles milhões e milhões usados, misturados com muito trabalho digital, "franchising" até não haver amanhã e falta de cuidado e de atenção ao trabalho dos actores mas a tudo o que os rodeava é uma mistura explosiva que pode iniciar definitivamente uma nova era no cinema.
Julgo que todos percebem o que quero dizer. Sim, cada um de vós deve ser amante de pelo menos uma destas sagas e neste momento está com uma vontade enorme de ir carregar na cruzinha lá do canto superior direito. Mas digo alguma mentira? Não tarda nada e vamos estar a premiar com os óscares de Melhor Actor, aquele que estiver melhor digitalizado num computador qualquer e que fez o filme todo com um simples microfone à frente, de maneira a realizar as suas falas.

O cinema começa a ser feito por dinheiro e não por amor. Que pena não serem do "meu" tempo Howard Hawks, John Ford ou Akira Kurosawa e ter que apanhar mês sim, mês não com trampa de Jerry Bruckheimer ou de outro, como Pearl Harbor, filmes em que gaste o dinheiro que se gastar, o cheiro será sempre o mesmo, só a aspecto é que muda.

segunda-feira, maio 23, 2005

Mulholland Drive (2001)

Rita (Harring), procura a memória perdida, ao mesmo tempo que tenta perceber porque é que alguém anda à sua procura, com intenções de a matar. Betty (Watts), uma jovem mulher recém-chegada a Los Angeles, com intenções de se estabelecer como actriz, vai ajudá-la na investigação. Adam Kesher (Theroux) é um realizador de cinema a quem é imposta uma actriz para o papel principal do seu novo filme. A recusa tem consequências drásticas no seu bem-estar físico e económico. Mistérios insondáveis da mente humana – de Lynch ou de uma das suas personagens – envolvem o principal fluxo narrativo, adicionando ingredientes como um estranho cowboy, um night-club que, numa aparente redundância, encena o artificial ou sonhos de outrem, sobre o terror escondido nas sombras das traseiras de um café. Apesar dos contratempos em redor da criação de «Mulholland Dr.», o objecto finalizado, não denota a existência de quaisquer espécie de “remendos”, para quem o percebeu. Eu digo-o já que só o percebi depois de fazer uma extensa procura na Internet sobre o seu significado... e assim não vale! O estilo narrativo de David Lynch, fundado numa lógica que se recusa a distinguir o real do imaginado, aliado a uma estrutura que subverte a lógica linear temporal, polvilhado por flashbacks e flashforwards, visões, pesadelos, sonhos dentro de sonhos e abstracções sem aparente resolução, mostrou ser o ideal para tal conversão. A aparente impenetrabilidade do argumento resulta mais da desistência do espectador, eventualmente aborrecido com a lenta exposição, do que com uma real aleatoridade ou com “Lynch a armar-se em Lynch”. O levantar pleno da cortina também pode não ser desejável, pois o realizador prefere despejar pistas atrás de pistas, para que o espectador as recolha e tente formar a sua própria visão (coerente?) dos acontecimentos. No final, em vez de clarificar, Lynch deixa-nos a reflectir sobre o que vimos, enquanto tentamos amarrar o maior número de pontas soltas.

David Lynch compara música com cinema, ao afirmar não entender porque é que se aceita universalmente a abstracção no primeiro dos meios, mas existe uma necessidade premente de produzir filmes que não deixem dúvidas algumas na mente das audiências. «Mulholland Drive» funciona, desde modo, em dois níveis. O da forma e o do seu conteúdo. Por um lado, como um sonho, desfilando imagens e sons interligados sem lógica aparente, com uma ligação fugaz à realidade, ao que vivemos durante o dia; por outro, com uma trama “convencional”, adensando-se ao longo de dois terços do filme e com uma resolução não completamente clara. Lynch continua a revelar-se um mestre da manipulação sensorial, um mago da narrativa não-linear, que consegue, como ninguém, levar as câmaras até aos mais obscuros corredores da mente humana. Quando acabei de visionar o filme disse: Que "coisa" absurda. Depois de descobrir todos os engenhos e ideias que David Lynch escondeu no filme, pensei: Fantástico!!! Espetacular!!! Mas como o que conta é o meu "low" QI e a minha percepção do filme no momento, não posso afirmar que este filme entrou nas minhas futuras memórias cinéfilas. Só não percebo como é que todos amam este filme. Será que todos entenderam a sua complexidade no momento, ou é só porque dá ar de "gente culta" falar bem deste filme? David Lynch sabe que o filme é tão inexplicável quanto a própria vida. E aí está a vitória de "Mulholland Drive". A vitória dele e de todos os "pseudo-intelectuais" que dizem ter percebido de imediato o filme. Eu não o fiz e como tal, não gostei. Independentemente de depois de "estudar o caso", o ter percebido bem e amado a sua complexidade.


N.D.R : http://www.cinedie.com/mulhollandreal.htm para explicação do filme.

sábado, maio 21, 2005

Especial: Are You Crazy !?! (I)

Existe sempre um. Aquela voz alta e esganiçada no "pub" que se diferencia de todas as outras com as suas teorias malucas e estranhas. Se não conheciam nenhum, bem, aqui estou eu.

Are You Crazy !?! - I

Sim, Forrest Gump mereceu todos os óscares que ganhou a Pulp Fiction.

Sim, eu sei. Devo ser o único a pensar assim. Mas tal como o crítico francês François Truffaut disse uma vez, a definição do termo "Filme de Culto" tinha que simultaneamente expressar uma noção de cinema e uma ideia do mundo.

Mas enquanto que o génio de Tarantino (Sim, é o meu realizador favorito, o que acentua ainda mais este meu caso de insanidade) passa apenas por reinventar as nossas convicções cinéfilas sobre o mundo do crime, "Gump", na minha opinião, consegue tocar em ambos os pontos que Truffaut afirmou.

O resto já todos sabemos, não é preciso "enterrar-me" mais. Forrest Gump é um filme tocante, Pulp Fiction não. Não discutindo o facto de Pulp Fiction ter sido um "marco" no cinema e ser muito mais original que "Forrest Gump", isso não bastou para impedir-me de correr o risco de ser "linchado" por todos vós que visitam o meu blog.

E para breve existirão mais teorias malucas...

segunda-feira, maio 16, 2005

Rio Bravo (1959)

Hawks ficou conhecido pela sua versatilidade como realizador, tendo sido autor de comédias, dramas, Westerns ou épicos sempre com o mesmo nível de qualidade e talento. O crítico Leonard Martin considerou Hawks como "o maior realizador Americano cujo nome não é a marca de um electrodoméstico". De facto, ainda que a sua obra não seja tão valorizada quanto a de Ford, Welles, ou Hitchcock, continua, ainda assim, a ser um dos maiores vultos do cinema e um dos mais amados pelos cinéfilos. Este "Rio Bravo", é sem dúvida alguma uma das suas obras mais marcantes, como é prova, as dezenas de remakes/"based on" que já foram feitos, sendo o mais recente, "Assalto à 13ª Esquadra" (remake de remake de remake), filme criticado não faz muito tempo pelo Cinema Notebook.

De um lado está um exército de "mauzões", que tudo vão tentar fazer para libertar o irmão de um assassino da cadeia. Do outro lado está o sheriff John T. Chance e os seus dois ajudantes: um alcoólico e um coxo. Façam as vossas apostas. John Wayne é John T. Chance em "Rio Bravo", um western clássico e inesquecível, que reúne boa disposição e um conflito emocionalmente forte. A ele juntam-se Dean Martin e Walter Brennan (que actor!), dois notáveis e iningualáveis representantes do sonho americano. Rio Bravo é "um dos mais graciosos westerns de todos os tempos, juntando uma história empolgante, um punhado de fulgurantes personagens e uma dose incrível de bom humor, tudo isto com o glorioso e poeirento velho Oeste como fundo. John Wayne cria mais uma mítica e iconográfica personagem com o sheriff John T. Chance, um homem que já viu muitos Invernos e com um inquebrável sentido de justiça e dever. Apesar das hipóteses quase nulas de sair vencedor deste impasse, Chance confia com a sua vida nos poucos homens que estão ao lado dele." Um filme imortal, cheio de moral, que nos mostra que mesmo na pior das situações, podemos estar unidos, bem-dispostos e com fé na vida.

domingo, maio 15, 2005

White Noise (2005)

Jonathan Rivers (Michael Keaton) é um pacífico arquitecto cuja existência é abruptamente afectada pelo inexplicável desaparecimento e morte da sua mulher Anna (Chandra West). Algum tempo depois é procurado por um homem (Ian McNeice) que afirma ter sido contactado por Anna, através de um processo de comunicação de mortos com os vivos, usando dispositivos de gravação. Jonathan fica muito céptico mas muito intrigado sobre a veracidade da questão. No entanto, as suas pesquisas sobre o sobrenatural, acabam por abrir do outro lado, uma porta, que trará algo muito indesejado à sua vida. Não é um filme de terror visual, mas sim de terror psicológico. O filme começa muito bem, tanto em termos de argumento como de "fear factor" mas começa a esbarrar-se pelo caminho, com enormes buracos de argumento, bem notórios e com o desaparecimento da esperança de um terror mais profundo e tocante daí em diante. E com tanto defeito, ao tentar ser thriller ao máximo, mas também uma históriazeca de fantasmas no limite do imaginável, fica lá pelo meio e não nos aquece nem arrefece, se bem que a história em si, não deixe de ser interessante, em termos puramente científicos e não cinematográficos.

Um filme que poderia ter sido realmente assustador, devido à sua vertente de comunicação com os mortos através de sistemas electrónicos de som e de imagem, acaba por se tornar numa espécie de versão cinematográfica da popular série televisiva "Early Edition", em que a personagem recebia todas as manhas um jornal do dia seguinte, de forma a poder salvar "n" pessoas da morte e do desastre. O tema, não foi levado a sério. Ou seja, as mensagens afinal não vêm do além mas sim de um futuro dos "vivos" que vão morrer. Se isto ridicularizou todo o conceito do filme, esperem por ver os três "vilões" que o argumentista (ou terá sido mesmo o realizador?) criou. Consegue um ou dois instantes de terror, mas que não passam disso, instantes. Tal como todos, sim todos, os mais recentes filmes do género vindos de Hollywood. Não percam o vosso tempo, até porque o melhor do filme, a Chandra West, morre logo no início!

quarta-feira, maio 11, 2005

The Others (2001)

Jersey, 1945. A 2ª Guerra Mundial terminou recentemente e Grace (Kidman) vive com os filhos, numa grande mansão vitoriana. O marido partiu para a guerra e não deu quaisquer sinais de vida desde o final do conflito. As crianças, Anne (Mann) e Nicholas (Bentley) sofrem de uma rara doença que os impede de estarem sob luz directa do sol, pelo que a casa permanece envolta em trevas, dia e noite. Uma vez que os antigos criados desapareceram sem deixar rasto, Grace decide contratar outros. Após uma série de ocorrências estranhas, ela começa a acreditar que a velha casa poderá estar assombrada. «Los Otros», a terceira longa metragem de Alejandro Amenábar e a sua primeira com fundos americanos vem uma vez mais demonstrar que é de fora de Hollywood que surgem as propostas mais válidas no campo do cinema de horror moderno. É certo que a Miramax investiu dinheiro na produção, ao lado da Sogecine e das Producciones del Escorpión, mas a equipa técnica é tão espanhola como a Jersey do filme. Os estúdios americanos tentam capturar o talento e as ideias e, se funcionarem, não pretendem estimular a originalidade de novos projectos, antes se preocupam em fazer remakes e em espremer estilos e temáticas quantas vezes for preciso, até que não dêem mais sumo.

Amenábar assina (argumento, realização e música) um filme “à antiga”, sem efeitos visuais vaidosos, sem sexo ou violência gráfica, criando inquietude e medo com base naquilo que não vemos, no que pode estar escondido nas trevas ou por detrás de uma porta, de onde se ouvem estranhos ruídos. O filme sustém-se largamente no trabalho dos actores, em particular no de Nicole Kidman, sem prejuízo das boas prestações das duas crianças e dos secundários. O argumento não nos faz exclamar “que original!”, existindo semelhanças inegáveis com outros títulos, alguns mais ou menos recentes, mas o que valida esta obra, como se disse, não é o remover das cortinas. O próprio realizador assume a sua intenção de pegar numa história simples (tal como o tratamento visual e formal, que nos remete para cinema de outra época), em contraste com a complexidade das personagens que são o seu motor. Mas fiquei com a sensação de que este filme nada inovou em termos de twists finais. E a referência clara não vos digo para não vos estragar o filme. E como tal, isso baixa um pouco a nota final.

segunda-feira, maio 09, 2005

Dark City (1998)

A vida de John Murdoch (Rufus Sewell) tornou-se um verdadeiro inferno. É procurado pela polícia devido a uma série de homicídios sobre os quais nada sabe e perseguido por uma mulher que se diz sua esposa, bem como por um misterioso "doutor". Mas o seu maior problema reside num grupo de seres poderosos demoninados "The Strangers", que parecem ter a capacidade de controlar a cidade, bem como os seus habitantes e que o querem devido aos extraordinários poderes que este manifestou. John decide então saber o que se passa com a cidade e desse modo responder a algumas perguntas que o atormentam: Porque é que é sempre noite? Porque é que ninguém lhe consegue dizer como abandonar a cidade? Murdoch tem assim de encontar forma de parar os "The Strangers" antes que estes tomem controlo da sua mente e o acabem por destruir. Em "Dark City", sempre que o relógio bate as doze badaladas, é de noite e ninguém em toda a cidade se apercebe que não houve dia, à excessão de John Murdoch e de Daniel Schreber, um "mad doctor", no verdadeiro sentido da palavra! Ok! Em termos de argumento começamos bem, pelo menos, de uma forma um "pouco" (veremos à frente porquê) original. E é no seu argumento forte e imaginativo que este filme marca pontos, os quais os perde quase por completo pelo seu "fim" lamechas e romântico.

Alex Proyas (realizador do recente I, Robot que bastante me desiludiu) tem o dom de combinar na perfeição os melhores elementos da ficção científica, com o melhor do ambiente de qualquer obra prima da cinematografia "noir". Tenta sem qualquer dúvida enquadrar a sua "história" nessa categoria... e consegue-o! «Dark City» é apoiado por um suporte visual muito forte, como se disse, mas não é destituído de ideias e de conceitos. Mesmo que muitos destes elementos também já tenham sido usados – o "plágio" dependerá do espectador; Já Tarantino foi aclamado pela forma como usou elementos de outras obras, moldando-os e tornando-os seus… (as opiniões dividem-se). Quando uma obra tende a produzir reacções radicalmente bipolarizadas, essa obra há-de ser pelo menos interessante. Proyas mistura a realidade e a ficção, como Terry Gilliam em "Brazil". Mas aqui a ficção era criada pelo imaginário do personagem central como única fuga possível à realidade, e em «Dark City» procura-se descobrir os verdadeiros contornos da realidade.

A obra de Proyas levanta questões no campo da religião e da metafísica no que diz respeito à criação e à manipulação do Homem por seres superiores (destino, deus, desconhecido, [preencher com a causa da sua preferência, baseada em crenças religiosas e/ou científicas]), e peca por ser desnecessariamente explicativo aqui e ali, onde se deveria deixar espaço para a inteligência ou imaginação do espectador preencher. O mesmo é notório na parte final onde uma conclusão mais em aberto só beneficiaria a narrativa. O resultado até tenderia a ser o mesmo, mas se não se mostrasse tanto, ser-se-ia mais fiel ao ambiente negro que trespassava o filme. Também, como é hábito hoje em dia, um filme de alto orçamento dificilmente consegue "passar" com um fim dúbio ou menos cor-de-rosa, por imposição de quem paga a sua produção.

quarta-feira, maio 04, 2005

The Pretender (S1/1996)

"The Pretender" é sobre Jarod (Michael T. Weiss), um prodígio suficientemente hábil e inteligente para se transformar em quem quiser, desde médico a cientista aeronáutico, passando por mafioso ou por um "simples" piloto de aviões de guerra. Este passa a vida a fugir de Sidney e Miss Parker, membros da "The Centre", uma organização maléfica que tenta aproveitar-se destes génios, e à qual Jarod conseguira escapar, depois de passar toda a sua infância a servir de cobaia para os mesmos. Sim, porque Jarod era mesmo um prodígio. Se lhe perguntassem o resultado de 5874 x 39, este no mesmo instante respondia logo 229089! Deixa ir confirmar à calculadora... isto mesmo! Esta primeira temporada é muito boa mesmo. Para mim supera qualquer uma das temporadas de X-Files... e porquê? Porque não involve toda aquela componente paranóica e dúvida existencial de Ficheiros Secretos. Na busca pela verdade sobre a sua família, da qual foi raptado ainda muito jovem, e sempre com um olho no burro e outro no cigano devido à perseguição da agência, Jarod passa por uma série de divertidas, misteriosas e bem argumentadas situações que contribuem sempre com mais uma peça para um puzzle que parece ser impossível de resolver.

Pelo que li em vários locais, as seguintes duas temporadas foram também elas muito boas, sendo que a quarta foi totalmente destruída pela opinião dos fans, media e TNT, a estação de televisão que transmitia a série, sendo esta cancelada e abandonada pela mesma. Foram feitos ainda dois filmes, de uma prometida triologia que ainda espera pelo seu capítulo final e que prometia dissipar todos os segredos e dúvidas das temporadas televisivas de "The Pretender". O primeiro passa hoje na TVI (estação portuguesa que transmitiu a série faz uma boa mão de anos) por volta da uma da manhã). Eu cá não vou perder e a critíca fica para breve. E quando visionar as restantes temporadas (pode demorar anos, ainda só foram lançados os DVD's da Primeira Temporada e sem legendas em Português), cá deixarei o meu testemunho.

terça-feira, maio 03, 2005

Groundhog Day (1993)

"O Feitiço do Tempo" é sem dúvida uma comédia genial - a melhor dos anos 90 - e conta com um elenco que se pode resumir a uma palavra: Bill Murray, ou seja, brilhante. Bill Murray tem porventura o melhor e mais comovente desempenho da sua carreira. Este interpreta um meteorologista carrancudo, enviado juntamente com a produtora Rita (Andie MacDowell) à simpática cidade de Punxsutawney, para assistir à cerimónia anual do "Dia da Marmota". Irascível e egocêntrico, Phil não quer por nada estar lá, pelo que quando, no dia seguinte, acorda e descobre que está a reviver o Groundhog Day, não acha piada nenhuma. Sobretudo quando o revive no dia seguinte e no que lhe segue, e parece ser a única pessoa que está continuamente a reviver e a recordar os mesmos acontecimentos. Trata-se de uma metáfora extraordinária, que nunca é explicada, o que a torna ainda melhor. O simbolismo do suicídio não resultar, pois Phil acorda sempre de qualquer maneira vivo do dia seguinte, trazem a esta pelicula contornos interessantes e desesperantes, mesmo dentro do género em que se insere, a comédia. Vemo-nos na sua situação, imaginamos o que faríamos. Mas não é ficção, não é imaginação. É nada mais que uma maneira de nos vermos reflectidos na sua história. "Groundhog Day" é extremamente inteligente e além disso hilariante. É raro uma comédia aproximar-se assim tanto da perfeição. É um filme profundo, para rir, mas muito mais importante que isso, para ser "pensado". Porque muitos somos nós os que não temos futuro e vivemos na monotonia.

segunda-feira, maio 02, 2005

Weekend at Bernie's 2 (1993)

Nesta sequela de um dos filmes com mais sucesso em termos de aluguer de sempre dos videoclubes americanos, percebemos claramente a razão pela qual 95% de quem gosta de cinema, foge a 7 pés quando houve falar nesse "mito" que são as sequelas. Se adicionarmos a isso, o facto de ser uma sequela sobre um "cadáver" que engata raparigas, luta com os namorados destas e dança quando ouve música devido a um feitiço voodoo que lhe foi aplicado, teremos talvez uma das mais estúpidas continuações de um sucesso comercial, feita na história do cinema. Estúpida, mas atenção, não "nula" em termos de humor (por mais sádico e infantil que seja). O argumento é o possível: a história começa com Bernie Lomax na morgue, de onde é raptado pelos já conhecidos "colegas de trabalho", de forma a conseguirem passar este por vivo num banco de onde é necessária a sua assinatura e a sua presença para levantar uma suposta quantia de 2 milhões de dólares. O banco fica numa ilha paradisíaca, onde o povo local têm tradições voodoos, e às quais, o pobre Bernie, mesmo morto, não consegue escapar. Numa série de estúpidas (desculpem a repetição mas é o termo perfeito) mas divertidas aventuras, mesmo que muito àquem das do filme original (é um bocado de mais do mesmo, o que faz perder metade da piada).

Se o primeiro já era um filme para ver com o cérebro desligado, este o melhor é mesmo não terem cérebro. Caso contrário pode provocar danos irreparáveis ao mesmo. Mas se tiverem com um grupo de amigos, forem adeptos de Ivo Ferreira e não estiverem no Dubai, este é o vosso filme (isto claro se não tiverem disponível o original e primeiro, Weekend at Bernie's). Tal como no primeiro filme, a melhor representação volta a ser a de Terry Kiser, que faz de cádaver, ou seja, de Bernie Lomax. A sua comédia "fisíca" é notável e é das poucas coisas que nos faz rir bem alto neste filme. O argumento, repito, é péssimo mas é o único possível para haver uma sequela. Se o primeiro era mais divertido que estúpido, este é mais estúpido que divertido. Mais valia terem ficado quietos. "Rest in Piece" Bernie!