sábado, abril 30, 2005

Hide and Seek (2005)

David (Robert de Niro) descobre que a filha, Emily (Dakota Fanning), encontrou uma forma estranha de lidar com o suicídio da mãe - criou um amigo imaginário, Charlie, que realiza actos inexplicáveis e terríficos. Realizado por Jonh Polson (“Swimfan”), este "Amigo Oculto" tem um desenvolvimento muito interessante. Começa com um intenso choque dramático para depois prosseguir com uma rebelião de emoções muito lentamente, embora a conjugação entre as cenas principais e a banda sonora causem bastante ansiedade e vários momentos de tensão. As alturas mais fortes e perturbantes são protagonizadas por Emily, que cumpre na perfeição o seu papel de criança perturbada e com um segredo terrível. Dakota Fanning assume-se mesmo como a mais promissora actriz de Hollywood para os tempos que se aproximam. Um "Must". Durante toda a película espera-se que algo perturbador e profundamente chocante aconteça; ao mesmo tempo, sente-se a desilusão prestes a surgir, porque uma história elaborada deste modo não é provável que tenha uma explicação que satisfaça. No entanto, a explicação que é dada não é nada insatisfatória, e eu admito, que me apanhou totalmente de surpresa. Mesmo não tendo sido o primeiro do género que vejo. E normalmente fico desiludido. Mas a dupla "Fanning"/"De Niro" lá me enganou e bem!

Com alguns momentos de flashback e planos muito interessantes para aumentar o factor "ansiedade", o trabalho de Polson brilha acima de tudo pela direcção de actores, como já referi. Robert de Niro salta do papel de pai preocupado para viúvo em sofrimento e para homem com vontade de se apaixonar outra vez. E fá-lo com uma fluidez e perfeição. As transformações de carácter por que passa demonstram que construiu a personagem até ao mais profundo pormenor e algumas atitudes que toma tornam-no de facto assustador. Mas a estrela do filme é a pequena Dakota Fanning. Após nos surpreender a todos pelo seu papel em "Man on Fire", Dakota surge aqui com uma expressividade que dificilmente se poderia pedir a um adulto. Os seus olhos são tão fortes que nos sentimos incomodados e a sua presença fantasmagória é um prenúncio de desgraça. Verdadeiramente convence quando chora, quando ameaça e quando ri. Gostei e recomendo. Nem que seja pela fantástica dupla Fanning/De Niro. Sim viram bem, Dakota Fanning primeiro. Sra. Dakota sff.

quarta-feira, abril 27, 2005

The Cooler (2003)

Os imponderáveis do novo cinema romântico americano negro têm destas coisas: "Má Sorte" é um filme sobre o jogo com pouco risco. Wayne Kramer, cineaste estreante, não arrisca muito nesta sua suave e contida reformulação do imaginário noir (por estes dias cada vez mais batida). "The Cooler" não seria nada se o génio de "actor de personagem" de William H. Macy não estivesse lá ou se a sensualidade desgastada de Maria Bello não surtisse efeitos. O filme relata-nos a história de Bernie, um homem que esfria a sorte de jogadores num casino manhoso de Las Vegas. Basta um toque ou uma presença sua e o jogador ganhador começa instantaneamente a ter azar. Bernie é, portanto, o homem mais azarado do mundo. Um mártir da vida que subitamente se vê apaixonado por uma das empregas do casino onde trabalha. Ao ser correspondido a sua vida muda de repente. É como se um sopro novo o insuflasse. Nesta parábola noir sobre o desencanto, o factor redenção adquire uma noção de real muito curiosa. De resto, o filme é lento, um pouco aborrecido e não se admire se a meio lhe aptecer desligar o seu leitor de DVD depois de acabar a interpretação de Estella Warren. O Jackpot ficou muito longe.

terça-feira, abril 26, 2005

Red Water (2003)

Por onde começar... talvez por Steven Spielberg! Deve ainda estar com dores nos rins de tanto rir ao comparar esta "coisa" com o seu Jaws. A história é a do costume... um grupo de cientistas vai estudar a existência de petróleo num rio (do qual faz parte a única benece do filme, Kristy Swanson), quando é raptado por um grupo de "piratas" que procura um tesouro perdido no mesmo rio. No meio de isto tudo, aparece um tubarão assasino esfomeado, que vai matando 1 a 1 e o resto vocês já sabem como é. É o típico exemplo do filme de terror que se transforma para o espectador numa autêntica paródia. Tanto a nível de personagens, como a nível de argumento, como a nível de realização. Como já disse, a única coisinha boa é ver Kristy Swanson molhadinha com aquela água doce. Não admira pois que tenha saltado logo para vídeo. Filme de série B que nem isso consegue ser. "Shark Movie" que nem isso consegue ser. Nem se atrevam a visionar isto. E eu que pensava que o "Jaws 4" era o pior filme do género da história do cinema!

quinta-feira, abril 21, 2005

Secret Window (2004)

Mort Rainey é um escritor que está no meio de um divórcio e que vive praticamente isolado nos bosques. Um homem estranho aparece-lhe subitamente dizendo-lhe que uma das suas histórias é plágio e que quer a sua história de volta. Mort recusa dizendo que não copiou nada de ninguém. Começa então uma guerra de nervos entre ambos com Mort a receber ameaças constantes até ao terrível final em que finalmente se descobre quem é aquela estranha personagem. A partir do 6º ou 7º minuto do filme, desde que a empregada disse uma simples frase, que eu fiquei a pedir a alguém superior para que o filme não tivesse o final que eu logo nessa altura percebi. E à medida que o tempo ia passando e que percebi que a empregada não iria mais aparecer e que tinha sido "contratada" só para aquela cena, fiquei cada vez com menos esperanças. Dito isto, já perceberam o tão desapontado que fiquei com este filme. Não por ser um mau final, mas por ser algo (senão bastante) previsível. A quantidade de filmes que abordou o mesmo esquema já deve passar das centenas.

Baseado numa obra de Stephen King, "Secret Window" é o típico filme de suspense que cativa imediatamente mas que depois se perde num final demasiado "já visto". O filme segue assim a linha narrativa normal das obras de King. Muito mistério (para quem não adivinhar o final ao fim de poucos minutos) e personagens interessantes e bem caracterizadas. Para acentuar essa qualidade (das personagens), temos bons actores que criam imediatamente uma forte ligação com o espectador. Mas como já disse, ultimamente nos filmes de suspense, o "fim" têm sido um grande pesadelo. Parece que já foi tudo feito e é raro o filme que nos surpreenda minimamente. E quando algum o faz, aparecem logo uma "carrada" deles a imitá-lo. É o caso de Secret Window.... (se lerem isto descobrem já o fim antes sequer de o ver, por isso estão avisados) que não passa duma cópia estragada de Fight Club. Mas sempre foi bom mais alguém ter dado uso a um picador de gelo, 12 anos depois de Sharon Stone!

terça-feira, abril 19, 2005

Assault on Precinct 13 (2005)

Faltam apenas algumas horas para a 13.ª Esquadra, uma das mais antigas de Detroit, fechar portas. Restam alguns agentes e funcionários, liderados pelo sargento Jake Roenick (Ethan Hawke), que não consegue ultrapassar as memórias de uma operação como infiltrado que acabou mal. No início desse 31 de Dezembro, um dos reis do crime, Marion Bishop (Laurence Fishburne), vê-se capturado por uma brigada comandada por Marcus Duvall (Gabriel Byrne). Juntamente com outros delinquentes, é levado num autocarro a caminho da prisão de alta segurança, mas uma tempestade de neve obriga-os a parar temporariamente na esquadra que já viu melhores dias. Enquanto se celebra a passagem do ano, um grupo de mascarados invadem a esquadra. Esta tem as comunicações cortadas, pouco pessoal e ainda menos armamento para resistir aos membros de um grupo fortemente armado que procura retirar Bishop da esquadra a todo o custo.

Este "Assault on Precinct 13" cumpre as regras básicas do divertimento eficaz, sem que tudo desemboque na estética do "jogo de vídeo" abundantemente utilizada neste tipo de filmes, em que se dá alvíssaras a quem conseguir encontrar um plano com mais de 2 segundos. Uma obra pouco relevante, mas que tem pelo menos o mérito de distrair sem estupidificar. É o tipo de filme que por mais que nos entretenha, acaba sempre por desiludir no final, pois acaba como nós não queremos que o faça. O twistzinho e o final feliz para os "bons"! É daqueles filmes típicos que na mão de Quentin Tarantino ou David Fincher, teria saído uma obra-de-arte! De realçar dois aspectos: Os excelentes efeitos sonoros e a maravilhosa representação de ... Lawrence Fishburne, isso mesmo, esse Matrixiano! O homem deu à personagem um estilo incomparável e surpreendeu-me bastante. Ethan Hawke acompanha o bom ritmo do colega, Ja Rule para variar não sei o que está ali a fazer e Maria Bello faz sempre a mesma carinha de cadela abandonada. Para os fãs do cinema de acção, este é um filme a não perder mesmo. Para os restantes, vale a pena visionar, nem que seja para imaginar como seria o mesmo nas mãos de alguém que não transformasse o espectáculo em acção pura mas sim num misto de acção/miolos. Bem, deixa-me mas é ir ver se arranjo o original de John Carpenter.

segunda-feira, abril 18, 2005

Interstate 60 (2002)

Road movie por excelência, "Interstate 60" aborda a história de um jovem que, confuso com o rumo que a sua vida está a levar, se mete por uma estrada que não existe em nenhum mapa. É um filme sem preconceitos, bem-disposto e que nos acompanha, mesmo depois de ter terminado, o que nos nossos dias, é cada vez mais raro. Este filme deveria ser visto por todos. É uma lição de moral, dividida em vários segmentos excelentemente conjugados neste filme de baixo orçamento, realizado pelo escritor dos "Back to the Future". Um filme divertido mas que nos toca, que fala sobre as nossas incertezas em relação ao futuro, o que um simples passo ou decisão pode fazer à nossa vida. O argumento é mesmo muito bom, e transforma este filme praticamente numa fábula. Um elenco de luxo com Chris Cooper, Gary Oldman, Amy Smart, Christopher Lloyd etc.. etc.., todos com representações deliciosas, graças às suas também deliciosas personagens. Foi engraçado de início ter pensado qualquer coisa como: "Olha! O filme é com o Michael J. Fox ... (pausa) ... Ups, o filme não é com o Michael J. Fox". Pura filosofia moderna! Transforma quem o vê, fazendo-o pensar alto sobre as suas experiências passadas e comportamentos... Espadas vermelhas, Copas pretas! Façam as vossas escolhas na vida, não se deixem influenciar por ninguém, seja família, seja quem fôr. E eu bem sei disso. E por isso é que este filme tocou lá no fundo.

sexta-feira, abril 15, 2005

Dreamcatcher (2003)

Há vinte anos atrás, quatro amigos - Jonesy, Henry, Pete e Beaver - eram ainda crianças quando, num acto de verdadeiro heroísmo, ajudaram outro rapaz e adquiriram um estranho poder. E é já adultos que os quatro vão travar forças com algo horrível... que ditará o destino do mundo. "Dreamcatcher" não é um bom filme, e muito menos, rezam as críticas, uma boa adaptação de um dos mais famosos (mas pela negativa) livros de Stephen King. É a prova que até um grande cineasta e um grande argumentista são impotentes perante um grande "mau" livro. "O Caçador de Sonhos" começa como um filme sobre o paranormal, sobre poderes telepáticos e acaba como um filme de aliens e monstros de outros mundos! E isto torna o filme completamente incoerente. O que safa é a expectativa quanto ao seu final, que faz com que este filme nunca se torne realmente chato, apesar das enormes gaffes de argumento. É um filme "assassinado" à nascença. No final, tenta explicar algo inexplicável, o que arruinou o filme. Morgan Freeman não esteve ao seu nível e parecia um actor de meia tigela, com aquelas sobrancelhas irritantes e diálogos incosequentes. Se juntarmos a cara deste a efeitos especiais fraquíssimos e a extra-terrestres a sair pelos orifícios anais de tudo o que eram seres terrestres, temos aqui um filme que roça a estupidez. De bom, temos apenas os momentos de suspense e de comédia. Só isso fez com que este "Dreamcatcher" não entrasse directamente na lista dos mais odiados cá do Cinema Notebook.

quinta-feira, abril 14, 2005

Le Grand Bleu (1988)

Sejamos claros: "Le Grand Bleu" de Luc Besson é simplesmente o melhor filme ilusório de todos os tempos. Nunca a mistura entre sonhos e realidade foi tão perfeita e paradisíaca. Sim, porque o mistério e beleza dos oceanos é autenticamente bem "domesticada" neste filme, que conta com, quem sabe, a melhor fotografia filmográfica de qualquer filme feito na história do cinema. Só visionei a versão "Director's Cut" do filme, e talvez por isso tenha adorado todos os promenores e planos que provavelmente naõ apareceram na versão original, que continha menos hora e "tal" que esta versão. A história é o menos importante nesta obra-prima de todos aqueles que adoram o mar e especificamente o mergulho livre. Neste filme, repito mais uma vez, amamos todas as imagens que vemos. É, sem dúvida alguma, o maior épico sub-aquático já alguma vez feito por alguém. E se querem que pare de falar do plano visual do filme, eu paro! Passemos então para o plano sonoro... e sabem quem é que está por trás? Eric Serra, talvez apenas o melhor compositor musical cinematográfico do cinema.

"The Big Blue" mostra exactamente o medo mas ao mesmo tempo, o fascínio que o homem têm pelo mar. As suas personagens são simbolicamente complexas, apesar de argumentativamente fracas. Mas como disse anteriormente, neste filme não interessa o romance que por lá se passa. Foi apenas a forma que Luc Besson encontrou de denominar "Vertigem Azul" de filme e não de documentário. Jean Reno (podia passar o filme calado, de costas, a peidar-se que eu iria adorar à mesma), Jean Marc-Barr e Rosanna Arquette cumprem o que lhe foi pedido, mas perdem-se no meio de uma maravilhosa realização, que transformou este filme, na obra mais pessoal de Luc Besson, um conhecido apaixonado pelo mar e que mais tarde realizou ainda Atlantis, um documentário 100% submarino. Talvez o filme da minha vida. Aquele em que mais me identifiquei com a personagem principal, pelo seu amor pelo mar. Leva-nos a mundo que nós ainda pouco sabemos, apesar de ser "nosso". Um filme para ser sentido com o coração. Um filme sobre Liberdade, sobre Amor, sobre emoções! E nem precisaram de um bom argumento.

segunda-feira, abril 11, 2005

Nothing (2003)

Ok! Vamos começar pela sinopse: Dois amigos, um deles paranóico com medo de tudo, mesmo tudo e que não sai de casa por nada deste (ou de outro?!?) mundo, outro estúpido crónico, falhado e manipulado por uma suposta namorada. Completamente inadaptados à vida e jogadores viciadissímos de Xbox. De repente um é despedido por um desfalque informático feito pela sua suposta namorada e o outro é acusado de pedófilia por uma pitazinha de péssimo feitio. A sua casa, situada no meio de auto-estradas vai ser demolida. Cercados por todos os tipos de polícia, associações de pais e população preparada para um linchamento, de repente desaparecem e vão para... o nada! Para o vazio eterno e sem nada, nada à volta a não ser um fundo branco e um "chão" de borracha saltitante, ou qualquer cena do género. E estes 15 a 20 minutos de introdução estão fantásticos, cheios de estilo e tremendamente bem retratados.

Já adivinharam quem é o realizador? Vincenzo Natali, esse mesmo, realizador de Cube ou Cypher, filmes também eles surrealistas e que provocaram grande excitação entre os amantes da ficção cientifíca. Desta vez, juntou-se também uns pózinhos de comédia na sopa de Natali! O objectivo do filme? Mostrar o nada, falar do nada, descrever o nada, mostrar como seria a nossa vida sem nada etc.. etc... Mas não fica por aqui! Este filme transmite ainda mensagens importantes ao cinéfilo mais atento, dificilmente perceptíveis durante o seu visionamento. Ou seja, um filme sobre o nada, mas com mais do que nada, graças a um espiríto aberto de Natali que transforma um espaço infinitamente nulo, num divertido centro de diálogos interessantes e aventuras "estranhas". Porque o nada também pode ser interessante! Mas só isso. Nada mais.

sábado, abril 09, 2005

Meet the Fockers (2004)

Sequela do êxito de 2000 ("Meet the Parents"), "Meet the Fockers" acompanha, mais uma vez, as dificuldades de Greg Focker (Stiller) em se integrar no circulo de confiança que Jack Byrnes (De Niro) deseja para a sua família (Teri Polo). Desta vez, e para tornar as coisas mais complicadas, existem os pais de Greg que são um paradoxo em relação aos de Pam. Descontraídos, Bernie Focker (Dustin Hoffman) e Roz Focker (Barbra Streisand) são tudo coração, em oposição ao cerebral Jack Byrnes. Este filme é “mais do mesmo” em relação ao seu antecessor. Existe uma total ausência de novas formas de humor. Os gags sucedem-se nesta comédia de maneiras e metade da piada vêm da performance dos actores e não dos textos. Não que não acabe por divertir, até mandei algumas gargalhadas, mas fica totalmente afastada a ideia de uma comédia refrescante e inteligente. Aliás, a previsibilidade do seu guião, deixa adivinhar muitas das piadas. Como tal, fica atrás do primeiro filme (para não variar em Hollywood) mas também não desilude de todo. Mas não é o suficiente para entrar no meu "Circle of Trust". Nota: Brilhante a referência a "Scarface", como sinónimo de violência!

quinta-feira, abril 07, 2005

Cypher (2002)

"Cypher" volta a pegar na temática das grandes companhias e na sua busca pelo controle da mente humana, tal como outros filmes recentes como Code 46 ou Gattaca. Jeremy Northan, vencedor do galardão de melhor actor no Fantasporto, é um homem contratado por uma misteriosa companhia para executar os mais variados trabalhos. Frustrado pelo tipo de tarefas que lhe oferecem, Northan está longe de imaginar o que realmente se passa nas variadas convenções onde participa. Será Lucy Liu que o vai guiar a uma dura realidade. O filme, sempre com uns tons muito fracos de cor, quase esbranquiçados, tem um arranque auspicioso, mas deixa de ser cativante e misterioso, para se tornar confuso e chato, um bocado abandonado pela incapacidade de Natali de levar o seu conceito até ao fim. Explicando melhor, “Cypher”, tal como “Cube”, é um filme que escolhe a saída fácil. Parece haver um medo em Vicenzo Natali em ser demasiado original, pode-se dizer. Em “Cypher”, o seu término misterioso não passa de uma forma de gerar confusão e resolver a história humana de uma maneira simples, apesar de não deixar de ser um bom final, e que nos escapou desde o início. "Cypher” pode não ser um filme brilhante, mas claramente restaura-nos a fé de ver na ficção científica filmes tão ambiciosos como este. No entanto, fica um pouco aquém da primeira obra de Natali, "Cube".

quarta-feira, abril 06, 2005

Elephant (2003)

Baseado numa história real, a do massacre do liceu Columbine, o realizador Gus Van Sant traz à luz "Elephant", um filme intrigante, onde é bastante complicado chegar à essência da história. Todo o filme segue o percurso, durante um determinado dia específico, de alguns alunos do liceu americano Columbine. Esse percurso é seguido em separado, como se fosse uma apresentação de personagens que depois tomarão parte em algo maior. Inicialmente, é assim que se encara esta película. Conforme o tempo vai passando e se verifica que não há grande progressão da acção, começamos a ficar intrigados sobre o objectivo do realizador. Só o percebemos mesmo no fim, embora nos escape o porquê de tal abordagem. O desenlace é o esperado desde o início, mas eu esperava algo mais do que aquilo com que me deparei...

A realização, embora agrade ao início, torna-se cansativa. Planos muito lentos, personagens seguidas simplesmente enquanto andam etc. Embora com alguns momentos de mestria, nomeadamente com a colagem feita entre as diferentes personagens, que se vão cruzando. Os saltos da acção e do tempo não confundem, são bem recebidos, provando que há uma harmonia entre a acção e o modo de a narrar. A fotografia é fraca, apesar de algumas imagens bastante bonitas e com simbolismo específico. No entanto, num filme baseado acima de tudo nas personagens, estas provaram não ter interioridade suficiente para fazer o espectador sentir receio, raiva, ou pena. O filme não transmite emoção, limitamo-nos a assistir, passivamente, a um final que à partida adivinhamos devido a toda a exposição da história do filme. Em termos de argumento, de diálogos, "Elephant" é muito fraco. As personagens limitam-se a trocar algumas palavras entre si, sem sentido. A tentativa de criar algumas personagens tipo não resulta porque dá uma sensação forçada de crítica social. Extremamente visual e auditivo, o filme baseia-se sobretudo na imagem e planos de realização e na banda sonora, que acompanha todas as alturas com bastante harmonia. Apenas aqui se salva a película. De resto, não há nada nesta história que agarre.

terça-feira, abril 05, 2005

Constantine (2005)

Constantine” baseia-se na adaptação ao cinema (mais uma!) da banda desenhada “Hellblazer”. Keanu Reeves encarna o papel do detective Jack Constantine, um homem muito atormentado pelo medo de morrer e ir parar ao inferno. No entanto, Constantine acabará por se juntar a Angela Dodson (Rachel Weisz), uma céptica polícia, para a ajudar a resolver o suicídio da sua irmã gémea. Juntos embarcarão numa viagem pelo mundo dos anjos e demónios, num conjunto de eventos inexplicáveis que os irão unir, mas ao mesmo tempo tirar a paz. Condenado a morrer jovem (tem cancro nos pulmões) e em busca de um lugar no céu, Constantine passa os dias a livrar-se de demónios que se apropriam dos humanos. Os problemas começam quando Constantine repara que alguém está prestes a regressar, pondo em risco um pacto feito entre Deus e o Diabo, que conferia algum equilíbrio na terra. A história é mais ou menos esta e não sai daqui. É pouco eficaz, tal como a interpretação de Keanu Reeves (sempre em piloto automático). As sequências de acção não são estonteantes e as imagens do inferno – em termos de efeitos especiais - parecem-me mesmo fracas. Constantine foi um filme que não me agradou, apesar dos constantes sorrisos que as frases brilhantes de humor negro de John Constantine me provocaram. No entanto, o argumento peca imensamente pela fraca mediania.

segunda-feira, abril 04, 2005

25th Hour (2002)

Tudo se passa na contagem decrescente para "A Última Hora" de um dia que será tembém o último em liberdade. Monty Brogan (Edward Norton) prepara-se para uma pena de sete anos de prisão por tráfico de droga entre a angústia de um futuro que não quer e o orgulho de uma vida tão intensa que lhe é difícil extrair dela qualquer arrependimento. O crime é um facto, o flagrante não deixou margem para dúvidas, a cela é inevitável e a revolta não se disfarça. Brogan está perdido em Nova Iorque tal como Nova Iorque se perdeu nela própria depois da queda das torres gémeas e é a partir do subtil cruzamento entre o homem e a cidade que Spike Lee nos oferece um poema em filme sobre o pós-11 de Setembro, captando nos dois esse misto de raiva e tristeza que é a consciência de uma perda irreparável. Para o Homem condenado como para a cidade de coração partido, o futuro é tão cinzento como o ground zero que se vê do outro lado da janela quando os dois amigos de Brogan se interrogam sobre o que está para vir. Um filme que consegue apreender a essência da redenção e a força da amizade, através da representações cativantes, no retrato aparentemente banal de um homem condenado à prisão.

sexta-feira, abril 01, 2005

Schindler's List (1993)

Trabalhando a partir de um romance histórico real sobre o empresário nazi Oskar Schindler, que salvou mais de 1100 judeus polacos, Spielberg consegue manter-nos interessados durante mais de 3 horas e ir para além dos aspectos básicos do Holocausto, que estamos habituados a ver na maioria dos filmes do género. Começando pela parte artística... que trabalho de fotografia a preto e branco. Formidável. Consegue extrair o máximo de intensidade do terror existencial e da emoção contida em todas as situações, acompanhando cada registo emocional com estilos de fotografia diferentes. Se, por um lado, a personificação convincente de Schindler por Liam Neeson nos abre o mundo dos nazis, por outro, o desempenho subtil de Ben Kingsley, na pele do seu contabilista judeu, braço direito e consciência normalmente silenciosa, faz-nos descobrir o universo dos judeus envolvidos no Holocausto. E falando de representações, o que dizer da de Ralph Fiennes, o nazi responsável pelo campo de concentração. Simplesmente Brilhante. Um filme com uma extrema complexidade moral, cheio de simbolismos e imediatismo. Só "La Vitta E Bella" ascende este "Schindler's List" nas minhas preferências cinematográficas no género.